Opinião"Lula e o 25 de Abril"

“Lula e o 25 de Abril”

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O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também conhecido como Lula, sempre foi um apoiante da China durante o seu mandato e para além dele. A posição pró-China de Lula pode ser atribuída aos seus esforços para diversificar a política externa brasileira e reforçar os laços económicos com a superpotência asiática.

Lula visitou a China pela primeira vez em 2004, durante o seu primeiro mandato como presidente, e regressou para várias outras visitas ao longo da sua presidência, durante as quais, assinou uma série de acordos com diversas empresas chinesas que visavam aumentar a cooperação entre os dois países em áreas como o comércio, a energia e as infra-estruturas.

Lula sempre elogiou o desenvolvimento económico da China e a forma como este país tirou milhões de pessoas da pobreza. Também se pronunciou contra o que vê como tentativas ocidentais de conter a ascensão da China como potência global. Numa entrevista de 2019 aos meios de comunicação estatais chineses, Lula disse que “a China não é uma ameaça para o mundo, mas sim uma oportunidade para o desenvolvimento e cooperação”.

Mesmo após a presidência de Lula da Silva, nomeadamente no período em que Jair Bolsonaro ocupou o cargo, a China continuou a ser dos principais parceiros económicos do Brasil, não obstante as ideologias políticas dos regimes e presidentes de ambos os países encontrarem-se em lados diametralmente opostos do especto político, sendo este aspecto esclarecedor de que, na geo-politica, a “realpolitik” sobrepõe-se à ortodoxia ideológica.

Uma das contribuições mais significativas de Lula para as relações Brasil-China foi a criação do grupo BRICS em 2009. BRICS, que representa o Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul, é um bloco de economias emergentes que Lula viu como uma forma de contrabalançar o domínio dos Estados Unidos e da Europa nos assuntos globais. A inclusão da China no grupo foi um factor chave para o seu sucesso, e a defesa de Lula desempenhou um papel crucial para conseguir a adesão da China. Ainda que na fase embrionária, merece relevância a posição concertada da China e do Brasil em criarem um sistema de pagamentos internacional que não se baseie no dólar americano.

Apesar das críticas de alguns quadrantes da sociedade mundial, incluindo a brasileira, sobre a omissão de posicionamento quanto à questão do respeito por parte da China quanto aos direitos humanos, Lula tem permanecido firme no seu apoio à China, pretendendo garantir e o seu magistério como um dos mais influentes no mundo, com especial incidência na América Latina. Tem argumentado que o Brasil pode aprender com o sucesso económico da China e que os dois países partilham muitos interesses comuns, tais como a necessidade de uma ordem internacional mais equitativa.

Globalmente, o apoio de Lula à China reflecte a sua visão mais ampla de uma ordem mundial com maior pendor multipolar, onde economias emergentes como a do Brasil e da China desempenham um papel mais proeminente. Embora alguns possam discordar das suas opiniões sobre a China, é evidente que Lula vê a China como um parceiro-chave para o Brasil e uma força de mudança positiva no mundo.

Entretanto e durante a última viagem à China, o Presidente Lula da Silva posicionou-se sobre a guerra na Ucrânia, pedindo aos países do Ocidente que que parem de enviar armas para a Ucrânia, uma vez que o seu entendimento é que esta circunstância permitirá a continuidade da guerra em vez de a findar.

Para a concretização deste último propósito, preconiza a criação de uma comissão de países para discutir e ultimar o fim da guerra. O Presidente brasileiro disse que é preciso ter paciência para conversar com os líderes da Rússia e da Ucrânia, o que só se conseguirá se efectivamente os países que neste momento fornecem armas à Ucrânia deixarem de o fazer.

Esta posição motivou já a reacção da Associação dos Ucranianos em Portugal que prepara a redacção de uma carta onde expressam o seu protesto contra a posição de Lula da Silva e que pretendem entregar-lhe na visita que fará por ocasião do próximo 25 de Abril.

Muitos pretendem que o Governo português adopte uma posição de demarcação quanto a este entendimento do Brasil, outros irão, inclusive «sabotar» a sessão de recepção do Presidente Lula no Parlamento português no próprio dia 25 de Abril (tendo o CHEGA confirmado que a sua bancada iria abandonar o hemiciclo aquando da cerimónia de recepção de Lula da Silva, posição semelhante à da INICIATIVA LIBERAL, a qual far-se-á representar na cerimónia por um deputado apenas).

A nossa posição é muito simples e queda-se por entender que não há necessidade de qualquer tomada de posição do Governo português, já que é sobejamente conhecida a nossa perspectiva quanto à guerra da Ucrânia, tanto que já foi enviado material bélico para este país.

Também defendo que não deverá ocorrer qualquer boicote à cerimónia de recepção do Presidente Lula no Parlamento português no próximo dia 25 de Abril, uma vez que o Estado português tem responsabilidades diplomáticas que vão além desta questão e que terão necessariamente de ser salvaguardadas.

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