Muitos se perguntam o porquê de os jovens portugueses emigrarem com tanta facilidade. Será pela sua rebeldia de quererem sair de casa dos pais? Será apenas por dinheiro? Será que vivem melhor lá fora, longe da família e amigos de longa data? As razões podem ser várias, mas nenhuma foge ao sentimento de que não há mérito em Portugal.
Guiamos os nossos jovens a estudar muito e muitos anos, com a expetativa de terem empregos fáceis e com remunerações altas. No entanto, a verdade é outra. Quando terminam os seus cursos, os trabalhos fáceis estão ocupados e as remunerações estão próximas do mínimo. Perante estas deceções, muitos jovens ganham coragem e arriscam procurar o que lhes fora prometido, nem que para isso abandonem o conforto das suas casas e do seu país.
Não basta o esforço para os jovens terem sucesso. Quem opta pelo esforço, assume a humildade de ir para uma caixa de supermercado com um diploma no bolso, com remuneração mínima até que uma oportunidade seja avistada para que o trabalho seja aquele para o qual se prepararam durante anos (continuando com uma remuneração mínima). Apesar de todo o esforço diário que apliquem na sua profissão, não é garantido que a sua remuneração seja mais alta do que alguém que está no desemprego ou com apoios de inserção social.
Portugal é um país que apoia a mediocridade e penaliza o mérito. Pode isso ser visto pelas tabelas de IRS, pelos esforços que são feitos para aumentar os apoios sociais sem sequer dar algum benefício para quem se esforça por ser todos os dias melhor, pela cobrança de impostos sobre os lucros das empresas, deixando de fora quem tem prejuízo, pelo apoio à habitação de quem pouco aufere, deixando de fora quem se esforça com os seus meios para ganhar independência na sua vida. A lógica da política portuguesa é: se tens mérito, vais ter de distribuir o resultado desse mérito com todos os outros que nem se esforçam pelo quererem ter.
A diferença entre dar o litro ou não mexer uma palha é tão ténue que é quase um milagre continuar a ver pessoas a lutarem todos os dias para terem melhores resultados. Estas sim, são merecedoras de todos os subsídios. São estas pessoas que apesar de todas as dificuldades das suas vidas, continuam a ultrapassar barreiras, ser consistentes e exigentes todos os dias. Estas são as pessoas que me motivam a ser melhor. Estas são as pessoas que me fazem continuar a lutar pelo mérito!
Hugo Ribeiro
Elemento da Comissão Política Distrital do Porto do PAN
Elemento da Comissão Política da Concelhia de Valongo do PAN