Uma lição de maturidade democrática em Paços de Ferreira!
As eleições autárquicas em Paços de Ferreira deixaram uma mensagem inequívoca: o povo quis continuar. Numa época em que o voto de protesto e o impulso da mudança fácil ganham terreno, os pacenses escolheram a estabilidade. Optaram pela continuidade das políticas, pela confiança renovada no executivo anterior e, sobretudo, por reconhecer o trabalho feito com resultados visíveis.
Não se tratou de um voto cego nem de resignação. Foi uma escolha consciente, refletida, que revela a maturidade democrática de um concelho que aprendeu a distinguir entre o discurso e a obra. O Partido Socialista venceu a Câmara Municipal porque, aos olhos da maioria, governou de forma estável, previsível e próxima das pessoas. Apesar das críticas e das inevitáveis falhas, o eleitorado valorizou o essencial: o que melhora, de facto, a vida de todos os dias.
Enquanto alguns viam nos passeios, nos autocarros para eventos, nas viagens simbólicas ou nas festas populares exemplos de desperdício, a maioria percebeu outra coisa. Percebeu que essas ações faziam parte de uma política de proximidade, de uma forma de governar que valoriza o bem-estar e a coesão comunitária. O povo entendeu a linguagem do gesto simples e respondeu nas urnas. O PS foi legitimado para continuar, com a clara advertência de que deve fazê-lo com responsabilidade e coerência.
Mas o mapa político do concelho conta uma segunda história. Em dez freguesias, o PSD venceu. Essa conquista revela um sinal distinto, mas complementar: há vontade de mudança nas bases. Muitos eleitores quiseram equilibrar o poder, premiando o trabalho local de autarcas próximos, trabalhadores e comprometidos. A mensagem é dupla e inteligente: confiança no rumo geral, correção onde falhou o diálogo.
Este novo equilíbrio é, na verdade, uma boa notícia para Paços de Ferreira. Obriga ao diálogo, à negociação e à colaboração entre forças políticas. A Câmara do PS e as juntas do PSD terão agora a oportunidade e a responsabilidade de mostrar que a política pode ser um exercício de serviço público e não de trincheiras partidárias.
O eleitorado pacense mostrou independência. Não votou por emoção, nem por fidelidade. Em três boletins distintos, fez escolhas diferentes e consistentes. Quis premiar o que funciona e corrigir o que falha. O voto não foi grito, foi raciocínio.
Paços de Ferreira decidiu continuar, mas com olhos abertos e mente lúcida. Reconheceu o que foi bem feito e pediu que se melhore o que falta. O povo falou com sabedoria: quer estabilidade, mudança com sentido e governação com humildade.




