A Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF) prepara-se para celebrar, em breve, o seu 38.º aniversário. A antiga Associação Industrial do Concelho de Paços de Ferreira, fundada a 19 de fevereiro de 1988 e transformada, em 1996, na atual associação empresarial, conta já com quase quatro décadas de história, de conquistas, de resiliência e de contributo inegável para a identidade económica do concelho. Um percurso notável, que merece ser lembrado com a sobriedade que a maturidade traz.
Em tempos, a AEPF foi sinónimo de energia, união e orgulho coletivo. Era o coração da “Capital do Móvel”, um espaço onde se respirava ambição, criatividade e vontade de fazer mais e melhor. Hoje, a mesma casa parece ter encontrado um novo rumo, mais tranquilo, mais introspetivo, talvez até filosófico.

Diz-se que a experiência traz serenidade, e a AEPF parece estar a provar isso mesmo: já não corre, observa; já não lidera, contempla.
A estabilidade, naturalmente, tem o seu preço. Felizmente, o município tem demonstrado compreensão e sentido de apoio institucional, garantindo à AEPF um contributo mensal que ronda os 15 mil euros por mês. Um gesto de confiança pública, que assegura a tranquilidade das contas e, quem sabe, abre portas a uma colaboração cada vez mais harmoniosa entre a associação e o poder local. Há quem veja nisto uma bela parceria. Outros chamariam a isto “alinhamento estratégico”.
Fala-se, inclusive, de novas possibilidades para celebrar os 38 anos desta associação que, em tempos, impulsionava a marca “Capital do Móvel” e com ela, uma grande feira que enchia a cidade de orgulho e movimento. Talvez seja o momento ideal para reviver aquele espírito de conquista que fez de Paços de Ferreira uma referência nacional. Ou talvez o silêncio atual seja apenas o prelúdio de algo grandioso. O tempo dirá.
Fruto da minha atividade profissional, tenho o privilégio de conhecer alguns empresários desta terra, gente honesta, trabalhadora, dinâmica, com ideias, com energia e, sobretudo, com uma enorme vontade de fazer o que for necessário para revitalizar esta instituição. Há quem diga que a AEPF precisa apenas de uma pequena cirurgia, talvez à sua cervical, para voltar a erguer a cabeça e olhar o futuro de frente. Capacidade e vontade não faltam; talvez apenas falte o sinal verde para o recomeço.
Celebrar os 38 anos devia ser uma oportunidade para refletir sobre o passado e projetar o futuro. E, se há coisa que a AEPF sempre soube fazer, foi reinventar-se, mesmo que, por vezes, essa reinvenção se confunda com uma pausa estratégica.
Paços de Ferreira continua a merecer uma voz empresarial forte, ativa e visionária. Talvez seja este o momento de redescobrir o que outrora fez desta terra a verdadeira “Capital do Móvel”. E quem sabe, o mês de agosto volte a ser, como noutros tempos, o mês em que a cidade se reencontra consigo própria, com orgulho, com história e, esperamos, com alguma ambição renovada.





