Em Paços de Ferreira, há uma força silenciosa que mantém o concelho vivo: o pequeno comércio, as oficinas familiares, as padarias e as lojas de bairro que resistem todos os dias. São esses negócios que criam empregos, pagam impostos e dão vida às ruas. Mas a verdade é dura, muitos estão à beira do fecho. As rendas sobem, os custos da eletricidade dispararam e o consumo baixou. É neste contexto que surge a proposta “Apoio ao Pequeno Negócio Heroico”, uma ideia simples, justa e necessária.
A medida consiste em a Câmara Municipal pagar 50% da renda de lojas e oficinas locais até 200 m², destinadas a negócios com atividade comprovada e devidamente registada, que empreguem pelo menos uma pessoa ou funcionem em regime de trabalho independente.
Alguns poderão questionar se o município tem capacidade financeira para isso. Mas o Orçamento Municipal ronda os 70 milhões de euros anuais, e basta um olhar atento para perceber que há folga suficiente. Veja-se o exemplo da ETAR, onde foram gastos 5 milhões de euros em obras que acabaram inutilizadas, valor que seria suficiente para financiar este programa durante mais de três anos.
Façamos as contas com realismo. Existem cerca de 1.200 pequenos negócios no concelho. Se metade (600) aderisse e tivesse uma renda média de 400 euros, a comparticipação camarária seria de 200 euros por loja, o que representa 120.000 euros por mês ou 1,44 milhões de euros por ano, apenas 2% do orçamento municipal.
O programa poderia ter regras simples e transparentes:
- Espaços até 200 m² e localizados no concelho;
- Contrato de arrendamento registado;
- Cumprimento das obrigações fiscais e contributivas;
- Apoio válido por 12 meses, renovável mediante prova de atividade;
- Prioridade para negócios que empreguem trabalhadores locais.
Com estes critérios, o apoio chegaria a quem realmente precisa: o carpinteiro, o barbeiro, o café de bairro, o estofador, a mercearia, pessoas que vivem do seu trabalho e mantêm viva a economia local.
O impacto seria profundo. Manter uma loja aberta é manter uma rua viva, um posto de trabalho ativo e uma comunidade ligada. Cada euro investido regressa à economia através do consumo, dos impostos e da estabilidade social.
O “Apoio ao Pequeno Negócio Heroico” não é uma proposta partidária nem um gesto de oposição. É uma ideia nascida de um cidadão comum que ama a sua terra e quer deixá-la melhor para os nossos filhos. É o olhar de quem vive as dificuldades de perto e acredita que, com medidas simples e justas, podemos construir um concelho mais equilibrado e solidário.
Porque cuidar de quem trabalha é cuidar de Paços de Ferreira e o futuro só será forte se for construído com as mãos daqueles que nunca desistiram dela.




