O avanço tecnológico abriu portas para novas ferramentas acessíveis à comunidade. Transformou, por exemplo, o telefone convencional em ‘smartphone’, substituiu as cartas por e-mails e quase fez desaparecer os jornais em favor das notícias online. As tertúlias de café agora migraram para as redes sociais, com a particularidade de possuírem um público mais alargado, a maioria desconhecida, ampliando também a propagação das ‘fake news’.
As redes sociais podem ser produtivas quando bem utilizadas, mas também podem funcionar como uma arma de arremesso para ataques pessoais, disseminação de boatos ou distorção da realidade sobre determinados assuntos. Se analisarmos o fenómeno das redes sociais na política, percebemos que todas essas possibilidades se encaixam. Diversas vezes, deparamo-nos com comentários pouco abonatórios contra pessoas com responsabilidade política, ou então partilhas de informação recorrente ‘denunciando’ determinada infração legal de um gestor político, colocando em causa a honra e honorabilidade do cargo que ocupa.
Começa a ser evidente que o ataque cerrado contra alguém que ocupa um cargo de responsabilidade na vida política local também pode funcionar ao contrário. Quando há uma perseguição diária contra um líder político com suposta informação de irregularidades praticadas ou de esbanjamento de dinheiros públicos, mas sem que existam factos que o possam incriminar, está a provocar um efeito contrário. Este tipo de perseguição nas redes sociais vai protegê-lo ao permitir que possa corrigir a suposta ilegalidade a tempo de poder ser incriminado pelo mal que faz.
O que temos assistido nas redes sociais não são denúncias, mas sim alertas bem sinalizados que vão permitir ao poder político ter o cuidado necessário para o que está a fazer. Esse alerta, sendo antecipado, vai dar o tempo necessário para fazer as correções e continuar a passar pelos pingos da chuva, de forma impune.
É importante saber utilizar as redes sociais. Para denunciar é preciso ter provas documentadas. Enquanto não chegar a esse ponto, não há prevaricação.