As escolas voltam a fechar. Com um propósito digno, pois, todos temos que ajudar nesta luta que se torna desigual contra um vírus que teima em não abrandar.
Vivemos tempos invulgares, a pandemia fez-nos recolher novamente de um dia para o outro em nossas casas em tão pouco tempo que não nos deixou espaço para a perplexidade, até porque já estávamos a contar com um novo confinamento face aos números. Todos passamos a contar neste problema dramático em que o importante é diminuir o número de mortes. Demoramos uma semana a perceber o que nos tinha atingido, desestruturando praticamente toda a organização escolar já devidamente preparada para receber os seus alunos em segurança… e o que inicialmente seriam duas semanas de uma paragem letiva leva-nos novamente ao ensino à distância.
Os profissionais de saúde são, sem dúvida, os guerreiros na linha da frente de combate a esta enorme desumanidade em forma de vírus, a eles ficaremos a dever uma gratidão infinita! Ao observar a sua atividade incansável de cada dia impulsiona-nos, a cada um de nós, seja em que outro ramo de atividade for, a arregaçar as mangas e a tentar responder no nosso campo de ação a tudo o que formos capazes de fazer para os ajudar nesta batalha contra um inimigo invisível.
A escola é parte integrante da vida da criança e o seu dever é descobrir aptidões e competências, detetar fragilidades, tentar dar informação, conhecimentos e, sobretudo, transmitir sabedoria. Tendo em conta estas palavras o ensino à distância não passa de uma transmissão de conhecimentos. Vários estudos introdutórios (pós-pandemia) apontam uma relação entre estes afastamentos do meio escolar e uma maior angústia psicológica, que pode se manifestar através de pesadelos, medo de sair de casa ou que os pais voltem ao trabalho, irritabilidade, apatia, nervosismo, dificuldade de concentração e até um leve atraso no desenvolvimento cognitivo da criança. A escola é um espaço de excelência para o desenvolvimento da criança, ao ser privada deste espaço o seu intelecto e afeto estão comprometidos.
Desde o início do ano letivo que os estabelecimentos de ensino estão preparados para, caso fosse necessário, regressarem ao ensino à distância, mas essa era uma solução a que os diretores e professores preferiam não ter de voltar, seria a última opção. Descobrimos em janeiro que os estabelecimentos de ensino particular estão preparados para o ensino à distância, já o ensino publico não se preparou para essa eventualidade. Promessas por cumprir deixam os nossos alunos sem acesso a um ensino com a qualidade que o ensino à distância permite. O Governo encontrou uma solução rápida na interrupção letiva tentando assim minimizar o erro cometido.
E ao ter que aceitar, face ao estado calamitoso em que o nosso país se encontra, um ensino à distância, aceitamos também um ensino muito injusto, muito desigual e que não tem só que ver com os computadores, mas com as condições de trabalho na sua própria casa que alguns alunos não têm. Refiro-me ao apoio por parte dos professores, aos pais que estão em teletrabalho e muitos deles habitam em zonas onde a internet é inexistente. A desigualdade entre os alunos, que se agravou, em alguns casos perigosamente, vai continuar a aumentar com este segundo confinamento. Tirar os alunos das escolas é retirar a possibilidade ao professor de dar ao aluno o apoio necessário. À distância o professor não consegue perceber a dificuldade, a dúvida que por vezes só é vista aos olhos atentos do professor. Posso ainda referir os problemas sociais a acrescentar a esta lista de problemas escolares. Como a falta de apoios, que, para alguns, são absolutamente indispensáveis e, que já tendo contornos graves, se tornaram ainda mais problemáticas, com muitos pais e encarregados de educação a ficarem em layoff ou no desemprego. Esta situação tem forte reflexão no funcionamento das famílias, designadamente no acompanhamento dos filhos; os professores e a escola eram a sua segunda casa, por vezes a única onde conseguem brincar, estar com os amigos e ter uma refeição quente.
No ensino à distância os professores sabem que podem contar com o apoio prestado pelas escolas, pais e encarregados de educação. Mas em relação à câmara municipal, será que as promessas foram cumpridas? Ou temos os alunos do Concelho de Paredes sem computadores, sem internet e sem uma estrutura de apoio para o ensino? Os professores vão ter que continuar a usar o seu computador pessoal, a sua internet e dar todo o seu tempo em prol dos seus alunos? Acho que mais uma vez a Câmara espera que seja a comunidade educativa a fazer o que lhe compete, e ser esta a não deixar que os alunos do concelho fiquem para trás neste comboio que não abranda e não espera por quem se atrasa. Mas o bilhete está pago, o Presidente deveria ser o primeiro a acautelar que todos os alunos apanham o comboio em Paredes a horas. A educação é um bem precioso que não pode ser recuperado nem recompensado, tem que ser agora e a Câmara não pode deixar para amanhã as promessas que tem para cumprir hoje.
Negligenciar o ensino no Concelho é gravoso para o seu futuro. Uma vez mais, Alexandre Almeida não o soube acautelar, apesar de tudo o que prometeu. Isto para não falar no vereador com o pelouro da educação, que já não existe há muito tempo!