Em Paços de Ferreira, as políticas públicas influenciam diretamente a vida dos cidadãos e a distribuição de oportunidades no concelho. A recente decisão de prolongar o contrato da empresa Águas de Paços de Ferreira por mais 15 anos, com um aumento da tarifa previsto para o próximo ano, é um exemplo de como escolhas de gestão podem afetar o equilíbrio social. Embora seja um serviço essencial, o impacto financeiro recai de forma desigual sobre a população, lembrando que políticas locais precisam de ser pensadas com atenção à equidade.
Mas as desigualdades não se limitam à água. O concelho apresenta disparidades claras entre freguesias no acesso a saneamento, transporte, habitação e equipamentos culturais. Enquanto algumas áreas recebem investimentos regulares, outras continuam à margem, reforçando a sensação de que o desenvolvimento não é distribuído de forma equitativa.
Esta realidade evidencia a necessidade de políticas públicas mais transparentes, eficazes e inclusivas. As autárquicas de outubro representam uma oportunidade para a população exigir que os eleitos assumam compromissos concretos para reduzir desigualdades e aproximar decisões políticas das necessidades reais dos cidadãos.
As eleições autárquicas que se aproximam são, por isso, uma oportunidade para inverter esta lógica. Mais do que proclamar intenções, os candidatos devem apresentar programas com metas concretas, prazos de execução definidos e compromissos de transparência. Só assim será possível enfrentar a desigualdade local de forma estruturada e duradoura.
Paços de Ferreira merece uma gestão municipal que não apenas proclame desenvolvimento, mas que o distribua de forma equitativa, sem deixar freguesias ou comunidades para trás. As políticas públicas não podem ser vistas como favores ou instrumentos de propaganda, mas como o mecanismo essencial para garantir justiça social, equilíbrio territorial e confiança na democracia.
Se as autarquias cumprirem esse papel, o concelho terá condições para reduzir desigualdades e fortalecer a coesão social. Caso contrário, continuará a reproduzir assimetrias que, no limite, corroem a credibilidade do sistema político. O voto de outubro será, mais uma vez, a oportunidade para exigir essa mudança.
