No próximo dia 30 de janeiro, os portugueses serão novamente chamados às urnas para decidir a composição da Assembleia da República. Estas eleições ocorrem novamente num contexto de crise e, ainda que haja razões para estar otimista relativamente ao fim da pandemia, o desgaste da atual solução governativa é cada vez mais evidente no sentimento popular. Não obstante, a principal oposição ainda não parece ter conseguido convencer os portugueses e o perigo do país entrar num impasse governativo é real.
Os partidos que mais tempo lideraram o país no pós-25 de abril, permanecem assim determinados a apostar no apelo ao voto útil como a sua principal estratégia. E percebe-se a tentação de o fazer, a decisão de cada eleitor é muitas vezes motivada não tanto por uma aproximação ideológica aos partidos, mas sim por aquilo que julgam ser a opção que mais facilmente alcançará determinado fim. E esse fim tem sido uma opção entre manter o estado vigente, racionalizando que podíamos estar pior, ou, aplicando uma boa dose de pensamento positivo, tentar uma alternativa que promete apenas uma ténue esperança de melhoria.
O conceito de utilidade no voto desresponsabiliza os maiores partidos, que acreditam ser herdeiros naturais do poder e que, por isso, não precisam de apresentar resultados a quem lhes concede esse poder: os eleitores. PS e PSD têm hoje líderes incapazes de mostrar aos portugueses uma ideologia clara, ou o mínimo espírito reformista, preferindo apresentar-se como gestores a curto prazo. São hábeis a negociar para proveito próprio, a baixar expetativas para mostrar resultados e a manter os interesses instalados próximos do poder, mas isso não serve os portugueses.
Portugal não está bem. Portugal tem sido ultrapassado no PIB per capita pela maioria dos países que vão aderindo à UE. Portugal mostrou, mais uma vez, pouca capacidade de resistência à adversidade com uma das recuperações mais lentas da pandemia no contexto europeu. Portugal continua a ter uma das maiores dívidas soberanas do mundo. Portugal é um dos países europeus onde há mais pobres entre a população empregada. Mas não são os grandes partidos que colocam estas questões em cima da mesa, e muito menos lhes procuram dar resposta.
É cada vez mais consensual no discurso político falar da estagnação económica nos últimos 20 anos, mas foi necessário a Iniciativa Liberal introduzir esse tema na atualidade. Vários economistas alertam para a necessidade de uma reforma fiscal, mas a Iniciativa Liberal é que se mostrou disposta a propor uma simplificação do IRS. Sente-se cada vez mais a desigualdade no acesso à educação e à saúde, mas PS e PSD apenas procuram estancar feridas enormes com pensos rápidos, evitando as reformas necessárias.
Se há um ponto positivo que saiu das legislativas de 2015, reforçado 4 anos depois com a colocação de 10 forças políticas no parlamento, é que Portugal tem condições para se tornar uma democracia madura em que o poder executivo é exercido a partir de uma lógica de compromisso. Os eleitores devem dar força às ideias com as quais se identificam, sem estar em primeiro lugar preocupados com quem obtém uma maioria relativa, pois isso já não garante prioridade na formação do governo. Votar nas propostas que defendemos é a única forma de lhes dar força na criação de soluções de governação e a melhor forma de reforçar a democracia.
A Iniciativa Liberal é o partido que se apresenta com soluções que comprovadamente resultam para uma melhoria das condições socioeconómicas. É um partido que tem capacidade de compromisso para defender a aplicação dessas mesmas soluções, e não para obter poder pelo poder ou qualquer outro tipo de compensação. Quem se identifica com as ideias liberais tem uma opção clara de voto. A alternativa existe, não é preciso escolher um mal menor. Esqueçam o voto útil, votem para mudar o rumo de Portugal.
Tiago Órfão