OpiniãoParque das serras do Porto ou Parque da Monocultura navigator?

Parque das serras do Porto ou Parque da Monocultura navigator?

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Serra de Santa Justa a que melhor conheço, na era Romana denominada como Serra Cuca Macuca.

Na era Romana (século II) rica pela exploração mineira do ouro, floresta rica em Quercus roble (carvalho) e Quercus suber (sobreiro), Myrtus communis (murta) e Arbutos unedo (medronheiro), as zonas ripícolas eram cobertas ao longo do Rio Ferreira por Alnus glutinosa (amieiro) e Fraxinus excelsior (freixo), espécies autóctones que abundavam na serra de Santa Justa, assim como nas serras vizinhas.

A fauna era abundante, Salamandra lusitânica, Falcão peregrino, Guarda-rios, Cotovia, Milhafre, Morcego, várias espécies de répteis, e anfíbios, raposas, etc. Era sem dúvida uma serra cheia de biodiversidade.

Serra que a partir do século XVIII deu trabalho a muita gente das fábricas do pão, onde mulheres ganhavam a vida a carregar lenha para os fornos das padarias.

A partir do final dos anos 70 e início de 80, a Companhia Portuguesa de Celulose, mais tarde Portucel, e atual Navigator, deu início à plantação de eucalipto.

Hoje, creio que cerca de 80% das serras ou mais é constituída pela monocultura do eucalipto para a produção de pasta de papel. Hoje vemos a serra morta de biodiversidade, pois onde existe eucalipto, nem tojo nasce.

Cerca de 80% da serra é privada, onde a maioria dos privados aluga à Navigator. Se realmente queremos um parque com biodiversidade, a autarquia tem que investir mais, comprando terrenos aos privados. Sabemos que não podemos acabar de vez com o eucalipto, mas gradualmente pode-se fazer esse trabalho para que daqui a 20 ou 30 anos já se possa ver mais de metade das serras livres de eucalipto.

Outra das coisas que se pode e deve melhorar é saber separar os vários prazeres que as serras nos dão. Erradicar de vez a circulação de motos e jipes de todo o terreno. Cabe à Autarquia de Valongo fazer essa proibição e ter um local próprio para esse tipo de desportos que nada tenho contra. Existe nas redondezas do Continente e da Biblioteca Municipal de Valongo terrenos onde se fazem campeonatos nacionais e outos tipos de provas de todo o terreno, esse seria o local apropriado para esse tipo de desportos.

Outra coisa que virou moda e em minha opinião, não corresponde à realidade de um parque, é a construção de passadiços e baloiços. Abatem-se florestas para construir passadiços e baloiços. As nossas serras são ricas em trilhos outrora feitos por quem vivia de apanhar lenha para os fornos das padarias, inclusivamente ainda existem trilhos da era Romana.

Pois se realmente queremos um parque como se vê no Gerês, Alvão, etc., temos que começar desde já a traçar objetivos e não esperar por financiamentos que por vezes acabam por ter outros destinos.

Vitor Parati

Candidato n.º 5 pelo PAN, no Distrito do Porto, às eleições legislativas de 10 de março de 2024

Membro da Comissão Política Distrital do Porto do PAN

Membro da Comissão Política Concelhia de Valongo do PAN

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