Fechar ou abrir a porta da sala de aula já não é ouvir com olhos de lince o que o professor explica, é, neste ano de 2024, uma batalha de instituições: telemóvel versus escola.
8:15 e chegar à escola. Pode estar chuva ou sol ou vento ou nevoeiro, mas o que se encontra são sempre alunos sentados em bancos, ostentando telemóveis nas suas inexperientes mãos a gerir e apagar aquilo que julgam ser a sua verdadeira imagem aquilo que veem refletido e que é contabilizado em sucesso pelo número de likes nas diversas plataformas sociais.
O professor passou a ser moderador daquilo que é um travão ou um acelerador social: a imagem. Toques de campainha e escadas com a tabuada inscrita nos degraus ou saudações escritas em inglês, francês, alemão ou castelhano contém um veículo, um carrinho de mão, para o Google Tradutor.
A Escola, instituição que recebe e é responsável pelos alunos desde o momento em que pisam com as suas sapatilhas (contrafeitas ou originais) o portal da escola até o momento em que saem, enfrenta uma luta desigual entre um telemóvel e um livro entre um professor e um moderador, entre a marca registada e a sua imitação. E o que é ser moderador?
Bem, uma viagem no dicionário e parece fácil entender que, para tanta diversidade de informação à distância de um clique o professor passou a ser aquele que incentiva a filtrar, reduzir o erro e discernir, encaminhar para sítios bonitos e arejados como bibliotecas, visitas de estudo, museus.
Após o toque que indica o fim da aula, nesse corredor inundado de risos, outras vezes de insultos, outras vezes de atrasos premeditados, conclui-se que a aula parece demasiado enfadonha por não haver likes envolvidos.
Quero muito acreditar que a escola será renovada e que aquilo que parece um desencontro entre o papiro e a tecnologia seja um espaço de abrigo para decifrar e descobrir aquilo de que se gosta. Papel e tecnologia podem ser muito amigos, sim.
Para um professor com ADN no ensino, a integração multidisciplinar é o acelerador para a descoberta para áreas tão importantes como a música, a dança, a pintura ou escultura e que, essas sim, sejam um complemento ao entendimento da matemática, das línguas e da literatura ou das ciências, porque, no fim do dia, todos somos emoções e só o que é emocional e sentido sem avaliação superficial por likes é passível de ter significado e ser impactante.
Rita Figueiredo
Comissária Política da Concelhia de Valongo do PAN
Docente de Línguas Inglesa e Portuguesa, com Especialização em Comunicação Expressão