A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) adianta ter tido conhecimento das ameaças contra os jornalistas e respetivos “danos causados em, pelo menos, uma viatura de serviço, no âmbito da cobertura de campanha eleitoral de um candidato às Eleições Presidenciais”, refere CCPJ em nota.
O Secretariado da CCPJ adianta que está a desenvolver “esforços para apurar factos”, junto dos jornalistas envolvidos, bem como das autoridades policiais, procurando identificar os responsáveis pelos “insultos, ameaças e tentativas de agressão dos profissionais que faziam a cobertura noticiosa do jantar comício”, em Braga, do candidato André Ventura a 17 de janeiro.
No espaço de dois meses, é a segunda vez que são verificados “incidentes graves com jornalistas no decurso da sua atividade profissional”, refere a CCPJ, acrescentando que foi emitido, a 25 de novembro, um primeiro comunicado condenando a “violência contra jornalistas”, a propósito dos “insultos, ameaças e tentativas de agressão a equipas de jornalistas do Observados e da TVI, que faziam a cobertura noticiosa da manifestação convocada pelo movimento do setor da restauração denominado ‘A Pão e Água’ no dia 14 de novembro”.
Enquanto órgão regulador da atividade dos jornalistas, a CCPJ refere considerar “os incidentes ocorridos extremamente graves”, adiantando ainda que revelam, “por parte de uma parcela importante dos manifestantes, um enorme desconhecimento sobre o papel dos jornalistas e a importância do jornalismo para a defesa dos princípios democráticos garantidos pela Constituição, incluindo o direito de manifestação”. De acordo com a CCPJ, sem cobertura jornalística, nenhum protesto teria visibilidade e impacto junto das autoridades e da população.
Desta forma, é ainda declarado que o “jornalismo é um dos pilares fundamentais do Estado de Direito e do funcionamento democrático de uma sociedade”, sendo que “a exigência que lhe deve ser feia é que cumpra esse papel com rigor, mas em caso algum, essa exigência pode conter violência verbal e muito menos ameaças de violência física”.
Assim sendo, é realizado ainda um apelo aos cidadãos para que, “no respeito pelo trabalho dos jornalistas que os servem, não aceitem nem alimentem tentativas de deturpação, desinformação e manipulação do trabalho jornalístico, nomeadamente nas redes sociais, e que se refletem depois em formas de agressão contra os profissionais que no terreno desenvolvem um trabalho fundamental para o país”, apela a CCPJ.
É ainda mencionado, pela CCPJ, um apelo às autoridades policiais para “fazerem respeitar a existência de condições dignas de trabalho para os jornalistas e às autoridades judiciais para que cumpram o estabelecido na lei, abrindo imediatamente processos de investigação aos responsáveis pelas agressões a jornalistas”, uma vez que é um crime público.