Estaremos perante um Watergate em Paredes?
Digamos que estamos perante um “Be watergate”, em que a Câmara Municipal se prepara para dar 23 milhões de euros (vamos ver se o valor final será este) à empresa concessionária das águas e saneamento em Paredes, com ligações ao grupo empresarial chinês Beijing Enterprises Water Group Limited (“BEWG”), como indeminização pelo resgate da concessão de água e saneamento no concelho.
Ora, é opinião generalizada que a Be Water tem prestado um mau serviço ao concelho, furtando-se ao cumprimento dos investimentos a que estava contratualmente obrigada, nomeadamente no que toca aos investimentos na rede de saneamento público.
Para além de prestar um serviço aquém do que lhe é exigido, os tempos de resposta às solicitações que lhe são feitas são demasiado longas e o valor cobrado é extremamente caro.
Ora, se a empresa concessionária não cumpre o contratado, a parte contrária tem o direito de rescindir o contrato, podendo inclusivamente exigir uma compensação pela quebra contratual.
Então, como é que se põe agora em cima da mesa o cenário de resgate do contrato? Cenário este que sempre foi posto de lado pelo próprio Alexandre Almeida em diversas intervenções públicas. Para além do mais, é estranho que a um ano do fim do mandato se atire com uma proposta que a concretizar-se terá um enorme impacto nas contas da autarquia, por muitos anos e que nem foi o prometido aos paredenses nas últimas Eleições Autárquicas.
É que para além do pagamento da referida indeminização, serão necessários muitos milhões de investimento municipal para que o concelho venha a ter uma rede de água e saneamento consentânea com o século em que vivemos.
Ao premiar uma parte contraente pelo seu incumprimento ou estamos perante um “negócio da China” ou há algo que ficou por explicar.
Mas já sabemos que quem pagará a fatura: os paredenses!
Se tivesse apenas uma palavra para descrever o mandato de Alexandre Almeida à frente dos destinos do concelho de Paredes, essa palavra bem poderia ser: “água”. Seja a da concessão agora resgatada, seja a que corre no rio Sousa alvo de constantes descargas poluentes que ficam sempre impunes, ou a que empurra os esgotos ao longo do leito do Rio Ferreira, sem esquecer a da Piscina Rota dos Móveis em Recarei onde ocorreu o recente episódio da bactéria da “Legionella”.