OpiniãoDa falta de mão de obra concelhia …

Da falta de mão de obra concelhia …

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Quando estamos perante um fenómeno que não conhecemos em toda a sua plenitude, mas sobre o qual há necessidade de intervir, é obrigatório, antes de tudo o mais, que sejamos capazes de construir um plano de ação.

Ora, se de facto há um problema de “mão-de- obra” no concelho, talvez fosse interessante que as diversas estruturas concelhias, ou mesmo interconcelhias, começassem por estabelecer uma plataforma de análise e intervenção sobre o problema. Não se pode intervir sobre o que não se conhece. Dessa plataforma, constituída por representantes do poder municipal, das associações e de todo o setor industrial e comercial, dos sindicatos, entre outros, como sejam as universidades, terá que emergir um projeto de cariz teórico-prático que obedeça, obrigatoriamente, a um conjunto de preceitos.

Desde logo, o primeiro passo deverá ser, como em qualquer projeto de desenvolvimento social e económico, a construção de um diagnóstico do problema. Esta avaliação terá que ser realizada, primordialmente, junto dos empresários que são as entidades empregadoras que sentem a necessidade em causa mas também, junto dos futuros empregados ao que deverá juntar-se a avaliação de necessidades, também, realizada junto do sistema de ensino.

Só desta forma poderemos perceber, de forma adequada e acertada, a dimensão do problema, mas também como se o explica e quais os objetivos de um programa de intervenção neste domínio da falta de mão-de-obra em determinados setores da indústria concelhia. Daqui resultará, ainda, os ditames acerca da forma como se intervirá sobre o problema.

Construído o projeto e implementado o mesmo, este poderá assumir as mais variadas dimensões, mas não poderá fugir muito da evidente necessidade da formação profissional – a centrada nos setores mais tradicionais da área da indústria do mobiliário  – assumir novas formas de organização, onde uma parte do dia seja destinado à aprendizagem de saberes –fazer e a outra à aprendizagem dos saber-saber, isto, por parte dos alunos.  Onde os portadores dos saber-fazer ancestrais, os homens e mulheres verdadeiros depósitos de conhecimentos, sejam figuras principais do processo de aprendizagem, mesmo que não sejam portadores de saberes formais e certificados. Inclusivamente, aproveitando os seus períodos de reforma, tornando-a ativa para estes e um manancial de saber ao serviço de quem quer aprender.

Ou, também, através  da aprendizagem do saber-fazer realizado em contexto de terreno, isto é, nas próprias empresas com as devidas compensações para as entidades patronais.

Destaco os setores tradicionais, pois, no âmbito da formação no mobiliário há já tradição, saber e experiências interessantes e com bons resultados neste concelho, as quais absorvem, frequentemente, alunos marcados pelo insucesso ou sucesso relativo no ensino regular e formal, mas que depois se revelam extraordinários profissionais em contexto concreto de trabalho.

Este paradigma de formação foi uma realidade que encontrei nos Países Baixos, num passado recente, e que vislumbro como de fácil reprodução em Portugal mas que, pode, implicar a mudança da lei, desde logo porque não faz qualquer sentido que toda esta nova forma de se perspetivar a formação seja travada pela ridícula exigência de um Certificado de Aptidão Profissional junto de possíveis formadores que podem não ter esse diploma, não obstante terem muito mais do que isso. Têm o saber singular, a arte e o engenho de executarem e criarem.

Marcos Taipa Ribeiro

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