Que lindo é passarmos pelas ruas das nossas cidades nesta época do ano! Edifícios iluminados por todas as molduras das janelas, “árvores” gigantes, bolas grandes, presentes enormes, aldeias Natal em tudo o que é cidade. Numa primeira perspetiva, este impacto visual de grande luz traz calor ao inverno que costuma ser mais friolento. Há muitas pessoas que investem o seu tempo em visitar os locais mais bem enfeitados, para que guardem recordações nas suas redes sociais. Há muitos habitantes que admiram e apreciam a presença de tal decoração natalícia. Parece que tudo está mais feliz e animado e os problemas podem ser esquecidos olhando-se apenas para uma estrela de luzes no topo de uma estrutura metálica em forma de cone.
É grande o investimento efetuado por todos os municípios nas decorações natalícias. A cada ano, há mais investimento em luzes, decorações e eventos que atraiam o espírito natalício e a passagem das pessoas pelos locais enfeitados. O exibicionismo é de tal forma grande que parece que há competição entre os municípios para ter a maior árvore ou outra decoração que seja a maior do país. Será que todo este exibicionismo traz resultados positivos para a economia local como muitos executivos municipais justificam? Com tanta oferta nacional e internacional, as pessoas não param em todos os lados para consumir. Não é só por haver uma aldeia natal num certo lugar que todos os comércios envolventes terão faturações maiores. Falta estratégia para que o comércio local consiga ter uma faturação exponencial com a realização de eventos natalícios.
Muitos retratam a sociedade atual como exibicionista, mostrando ser algo que na verdade não é. Este tipo de ações reflete esse aspeto da sociedade: os municípios tapam os olhos aos munícipes através da realização de festas e festinhas e com a decoração das ruas, como se estivessem a dar um tablet para as mãos de uma criança para que esta esteja distraída. Por trás deste exibicionismo, encontramos a triste realidade que é perceber que os meios financeiros podiam ser alocados para ajudar na alimentação das famílias com dificuldades, para animar o Natal das crianças que o Pai Natal rejeita dar prendas, para combater a pobreza energética existente nas casas portuguesas ou até para, de facto, decorar o território com árvores de verdade, vistosas e bem tratadas.
O que eu quero para este Natal é que haja maior consciência das reais dificuldades da sociedade e que o dinheiro público seja um presente para a melhoria das condições de vida das pessoas. Sejamos humildes e preocupemo-nos com os outros, sem exibicionismos!
Hugo Ribeiro
Elemento da Comissão Política Distrital do Porto do PAN
Elemento da Comissão Política da Concelhia de Valongo do PAN