OpiniãoPaços de Ferreira e Lousada: Duas Terras, Dois Caminhos

Paços de Ferreira e Lousada: Duas Terras, Dois Caminhos

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No coração do Vale do Sousa, há duas terras vizinhas que, apesar de partilharem a mesma paisagem, seguem rumos muito diferentes: Paços de Ferreira e Lousada. Andam lado a lado no mapa, mas parecem viver em tempos diferentes. Enquanto uma tenta encontrar o seu lugar no presente, a outra já constrói o seu futuro com passos firmes e decididos.

O setor da construção em Portugal arrancou 2025 com força. Há mais casas a ser licenciadas, mais obras a sair do papel, e os números confirmam isso: só nos primeiros dois meses do ano, foram licenciadas mais de 1.400 habitações do que em igual período do ano passado. É sinal de que há investimento, há confiança e, acima de tudo, há procura. As famílias querem casas. As empresas querem construir. Os municípios que estiverem preparados colhem os frutos. Os que não estiverem… ficam para trás.

E é precisamente aqui que as diferenças entre Paços de Ferreira e Lousada se tornam gritantes.

Paços de Ferreira, terra de trabalho e de gente empreendedora, parece hoje presa ao passado. A cidade que outrora se ergueu à custa do suor das fábricas de móveis não tem conseguido reinventar-se. A reabilitação urbana anda parada, o planeamento do território é tímido e sem visão, e os fundos que podiam ajudar a mudar o rosto do concelho parecem não sair das gavetas. Muitos jovens já desistiram de esperar e foram à procura de vida melhor noutras paragens. Fica a saudade, e um vazio difícil de preencher.

Lousada, por sua vez, parece ter encontrado o seu ritmo. As obras multiplicam-se, os bairros ganham nova vida, há espaços verdes a nascer, e a vila atrai cada vez mais famílias que procuram qualidade de vida, segurança e oportunidades. Por trás disto está uma gestão que parece saber o que quer, que aposta numa estratégia clara e que não tem medo de agir. É uma Lousada que respira confiança, modernidade e futuro.

A verdade é que esta diferença de ritmos e de prioridades acaba por marcar não só o presente, mas o que se desenha no horizonte de cada concelho. Lousada cresce, atrai e renova-se. Paços hesita, trava e perde força.

Não se trata de fazer comparações por comparação. Trata-se de olhar com seriedade para o que está a acontecer mesmo aqui ao lado. E perguntar: o que é que Paços de Ferreira está à espera? O talento existe. As oportunidades estão aí. Falta coragem para agir.

Um Vale do Sousa verdadeiramente forte e coeso precisa que todos os seus municípios avancem juntos. Não chega haver investimento nacional se a resposta local não estiver à altura. O desenvolvimento não pode ser um privilégio de quem se organiza melhor, tem de ser uma ambição de todos.

No fundo, o futuro de Paços de Ferreira e de Lousada será aquilo que cada um fizer por ele. Mas se Paços não acordar, corre o risco de ser a terra que ficou para trás, com ruas cada vez mais vazias e sonhos cada vez mais adiados. Já Lousada, se continuar com a mesma garra e clareza, pode muito bem tornar-se num exemplo inspirador para o resto do país.

Baltazar do Vale

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