A poucos meses das eleições autárquicas de 2025, o panorama político em Paços de Ferreira começa a ganhar forma, com várias candidaturas já anunciadas e programas a ser apresentados publicamente. O antigo presidente da Câmara Municipal, eleito pelo Partido Socialista (PS), já anunciou que não se recandidata, abrindo caminho a uma nova configuração política no concelho.

O Partido Socialista apresentou um conjunto de medidas que pretende implementar em caso de vitória, destacando-se a criação de novas creches, a distribuição de cheques-bebé, refeições escolares gratuitas, requalificação urbana e a redução do preço da água. As propostas têm sido elogiadas por setores sociais, mas também alvo de críticas. Fontes da oposição política apontam o incumprimento de promessas semelhantes em mandatos anteriores, como a construção de creches e berçários ainda por concluir ou com falta de recursos humanos. O apoio direto às famílias, como os cheques-bebé, tem sido classificado como “assistencialista” por comentadores locais, que defendem abordagens estruturais contra a pobreza.
A alegada redução da dívida municipal tem sido destacada pelo executivo socialista como sinal de responsabilidade financeira. No entanto, segundo a coligação PSD/CDS, essa redução terá sido conseguida à custa de uma estagnação em áreas como habitação jovem, mobilidade e captação de investimento. A proposta de redução do preço da água, que depende de aprovação da ERSAR, continua sem efeitos práticos imediatos.

Movimento Independente quer romper com lógica partidária.
A candidatura “Unidos pelo Município de Paços de Ferreira”, liderada por Paulo Sérgio Barbosa, ex-vice-presidente da Câmara e antigo líder do PS local, aposta numa gestão baseada na proximidade à população, transparência e rutura com os partidos.
Em declarações à imprensa Paulo Sérgio Barbosa afirmou: “Queremos investir onde faz diferença, nas pessoas.” Entre as medidas concretas está a conclusão da estrada junto ao pavilhão desportivo de Modelos, uma reivindicação antiga.
O candidato defende um modelo de governação mais participativo, afirmando que a sua candidatura “representa uma alternativa aos vícios da política tradicional” e que “os partidos deixaram de responder às exigências dos cidadãos”.
A sua rutura com o PS tem sido discutida em plataformas digitais e em meios de comunicação locais, gerando debate sobre o papel dos movimentos independentes na política autárquica.

Coligação PSD/CDS propõe “concelho competitivo e inclusivo”.
A coligação MAIS (PSD/CDS), com Alexandre Costa como cabeça de lista, tem vindo a apresentar um programa assente no desenvolvimento económico, coesão social e modernização urbana.
Entre as propostas estão a criação do “Gabinete do Jovem Empresário” para apoiar empreendedores locais, a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) e a aquisição de 100 fogos habitacionais com recurso aos programas “1.º Direito” e PRR.
Em matéria de mobilidade, defende-se a eliminação das portagens na A41 e A42, exigência comum a vários autarcas da região Norte. Numa das sessões da plataforma “MAIS Concelho – Ouvir. Refletir. Construir.”, Alexandre Costa afirmou que “é essencial que os projetos tenham prazos e orçamentos realistas”, criticando a execução orçamental da atual maioria socialista.

Iniciativa Liberal aposta na valorização da Citânia de Sanfins.
Joel Machado, arqueólogo e candidato pela Iniciativa Liberal, defende um projeto de valorização do património arqueológico e cultural, com foco na Citânia de Sanfins. A proposta inclui a criação de centros interpretativos, parcerias com universidades e roteiros educativos.
Numa intervenção pública, Joel Machado declarou: “Quero dar voz às pedras, luz às ruínas e vida à nossa memória coletiva.” A candidatura tem recebido apoio de setores ligados à cultura, defendendo que “a identidade histórica pode ser motor de desenvolvimento económico sustentável”.

CDU foca-se em serviços públicos e justiça social.
A Coligação Democrática Unitária (CDU), liderada por Paulo Pinhal, apresenta um programa assente no reforço dos serviços públicos e na coesão territorial.
As propostas incluem o alargamento da rede de saúde e educação públicas, a construção de habitação social, requalificação de escolas e a oferta de materiais escolares e refeições a alunos carenciados. Na mobilidade, propõe-se a integração tarifária e o alargamento dos horários e rotas dos transportes municipais.
Segundo Paulo Pinhal, “a mobilidade deve ser um direito e não um luxo” e “o município deve estar ao lado dos mais frágeis”.

CHEGA mantém estratégia autárquica em aberto.
O CHEGA ainda não divulgou o seu candidato nem as propostas programáticas para o concelho. Fontes próximas da estrutura distrital referem que o processo de escolha está em curso, sendo procurado um perfil que una notoriedade local e alinhamento com a direção nacional. A confirmação do cabeça de lista deverá ocorrer nas próximas semanas.
Cenário eleitoral em mudança.
Com a saída do anterior presidente socialista, o cenário autárquico em Paços de Ferreira regista uma dinâmica inédita, com o aparecimento de novos movimentos e o reforço da presença da oposição. Nas autárquicas de 2021, o PS venceu com maioria absoluta, seguido pela coligação PSD/CDS e pela CDU.
As eleições autárquicas estão previstas para o outono de 2025, com várias forças políticas a disputar o futuro do concelho.




