OpiniãoEducação política e o valor do voto

Educação política e o valor do voto

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A democracia vive da participação dos cidadãos, mas não basta comparecer às urnas de quatro em quatro anos. O voto, em Paços de Ferreira como em qualquer outro concelho do país, só terá impacto real se for consciente, informado e fundamentado. É aqui que a educação política se revela essencial.

No contexto das eleições autárquicas, os partidos multiplicam promessas, programas e campanhas, mas a qualidade da escolha depende da capacidade dos eleitores distinguirem factos de propaganda. Em Paços de Ferreira, o debate em torno da gestão municipal tem sido marcado por temas como o saneamento, a poluição no rio Ferreira, a concessão da água, a transparência dos contratos públicos e a eficácia da resposta social. Estas questões exigem análise crítica e conhecimento das propostas apresentadas, não apenas slogans de campanha.

A educação política, entendida como literacia cívica, não se limita às escolas: passa também pelo papel da comunicação social local, pelas associações de freguesia, pelas redes sociais e pelos próprios debates promovidos pelos partidos e movimentos independentes. O eleitor informado não é apenas aquele que conhece os nomes dos candidatos, mas sim o que consegue avaliar o historial de execução de políticas, perceber a viabilidade de projetos e questionar a clareza das contas públicas.

Num concelho como Paços de Ferreira, onde os partidos tradicionais disputam terreno com movimentos independentes e candidaturas alternativas, o valor do voto mede-se pela exigência que a população coloca nos eleitos. Cada boletim depositado é mais do que uma escolha momentânea: é um sinal de confiança ou de rejeição, um mandato para gerir recursos coletivos, um compromisso que deve ser escrutinado durante todo o mandato.

A abstenção, que tem crescido em vários atos eleitorais, representa precisamente o contrário: a perda de confiança no sistema político e o esvaziamento da democracia local. Combater essa tendência é responsabilidade de todos — partidos, comunicação social, escolas e cidadãos. Se a política continuar a ser percecionada como distante e alheia, a abstenção será o verdadeiro vencedor.

Educar para a política é, no fundo, educar para a cidadania ativa. É lembrar que a democracia não se esgota no voto, mas começa nele. Em Paços de Ferreira, estas autárquicas podem ser uma oportunidade para os cidadãos demonstrarem que querem mais do que promessas fáceis: querem clareza, responsabilidade e resultados. O voto consciente é a melhor arma contra a desinformação, contra a corrupção e contra a indiferença.

E, por isso, votar informado é, hoje, o maior ato de confiança que se pode oferecer à democracia.

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