OpiniãoUm erro que interessa só a alguns (mas pode comprometer a vida...

Um erro que interessa só a alguns (mas pode comprometer a vida de todos)

Relacionados

Rios abandonados, são rios poluídos

Sorte temos nós em termos tantos recursos hídricos aqui no Norte Litoral de Portugal. Por todas as terras do Porto abundam ribeiras e rios,...

Saber para quê?

Fechar ou abrir a porta da sala de aula já não é ouvir com olhos de lince o que o professor explica, é, neste...

A importância da Reciclagem

Sabia que, em 2022, Portugal produziu cerca de cinco milhões de toneladas de resíduos? Isto corresponde a cerca de 512 kg de resíduos por...

Remontemos ao ano de 2001. Um proprietário (Câmara) tem um prédio (área do concelho de Paredes). Em concurso público, a autarquia concessiona o mesmo prédio a uma empresa, a Be Water. Esta empresa tem o compromisso de gerir o prédio e fazer todos os investimentos necessários (saneamento e água) para que os inquilinos (Paredenses) possam usufruir dele (serviços). Mas, pouco depois, a Be Water verifica que, afinal, o prédio já tem outras empresas gestoras (subconcessões, cooperativas de água) e que estas não permitem o cumprimento do investimento a que se tinha comprometido no negócio. Esta situação põe em causa o retorno financeiro expectável do investimento previsto, afinal não realizado. Esta situação coloca a Câmara Municipal de Paredes em incumprimento.

Alguns anos depois, em 2008, com Celso Ferreira à frente da Câmara, realiza-se um acordo com a Be Water, que prevê a entrega do “prédio” na totalidade à Be Water, até 2012, incluindo o território das subconcessões.

12 anos depois, em 2020, a Be Water continua a não ter a totalidade do prédio para realizar o investimento na plenitude e usufruir das vantagens desse investimento contratualizado em 2001.

Lembrar que, anos antes, em 2017, sobem por uma escada os socialistas. Ganham as eleições e surgem com uma solução mágica. Segundo o líder, vão dividir o prédio, assumindo a Câmara Municipal as obras da parte do “prédio” onde estavam as antigas empresas gestoras, o território das subconcessões (Sul do Concelho), deixando o restante território para a concessionária Be Water. Um dos que subiu as escadas até à varanda, o atual presidente da Câmara, Alexandre Almeida, fartou-se, durante três anos, de iludir os paredenses, faltando constantemente à verdade, referindo acordos com a empresa concessionária do prédio, acordos esses que pelos vistos nunca existiram. Até que, num determinado momento, a concessionária, Be Water, refere que pelo menos terá de aumentar o preço da água de acordo com a inflação, situação que não acontece há alguns anos. Nesse momento, Alexandre Almeida, com receio de perder votos no ano seguinte, 2021, ano de eleições, decide optar por uma nova fantasia: resgatar o prédio de novo, mas fechando os olhos ao incumprimento da Câmara, pagando apenas o que está acordado em 2001 (o tal acordo do prédio todo, mas do qual a Be Water nunca conseguiu usufruir na plenitude). Pelas contas rápidas deste autarca, a autarquia apenas teria de dar 22 milhões de euros à Be Water para ficar assim de novo com o prédio (toda a concessão de água e saneamento no concelho de Paredes).

Esta fantasia torna-se num pesadelo, pois, dias depois, a Be Water reclama 200 milhões de euros pelo resgate, culpando a Câmara pelo facto de nunca ter usufruído da concessão do “prédio” que venceu no concurso público em 2001.

E agora?

Paredenses, na minha opinião, temos de assumir a verdade. É essa a única forma de conseguirmos resolver o problema da falta de saneamento e água no concelho de Paredes.

Eu sou a favor da municipalização das águas do concelho, mas tenho de ser responsável. Se for presidente da autarquia, voltarei atrás e negociarei a subconcessão, procurando, com a empresa Be Water recuperar o tempo perdido.  Cada caso merecerá uma atenção personalizada, para compensar o que tiver de ser compensado em relação às subconcessionárias, permitindo entregar as subconcessões à Be Water, até ao fim da concessão, em 2035. Esta entrega será acompanhada de um plano concreto, com objetivos claros, com um aditamento e sem zonas cinzentas, com um cronograma rigoroso e com penalidades sérias para a empresa para evitar possíveis incumprimentos do cronograma de trabalhos. Trabalhos esses que devem ser executados num curto espaço de tempo, de seis a sete anos, permitindo dessa forma a construção das infraestruturas de água e saneamento no Sul do concelho, chegando-se a 2035 com a rede de saneamento a 100%.

Na verdade, acredito que ainda é recuperável o tempo perdido. Para que isso aconteça apenas temos de ser convergentes pelo bem comum. Evitar um problema sanitário e ambiental passa por cada um de nós. O investimento só é importante se o mesmo suscitar taxas de ligação que o justifiquem, independentemente de a entidade responsável pela concessão ser privada ou pública. Por essa razão, os Paredenses têm de ter a noção de que têm de se ligar à rede, porque se isso não acontecer estará uma parte dos paredenses a suportar o custo de todo o concelho.

Não podemos, apenas e só pelos votos, pelo “tacho” de alguns, hipotecar o futuro do nosso concelho, o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos.

A entrega das subconcessões resolverá os problemas?

Sim, Paredenses, é a única solução. Fizemos um acordo em 2001. Agora, passados 19 anos e a 15 de esse acordo terminar, temos, de uma vez por todas, de o assumir e, assim, fazer com que a Be Water faça intervenções no nosso prédio (território), com todas as condições de que precisamos. De outra forma, vamos todos gastar muitos milhões para reaver o prédio e outros tantos para o reparar e adaptar às exigências atuais de habitabilidade.

É necessário implementar um acordo, que evite zonas cinzentas, que implique penalidades concretas para a Be Water em caso de não cumprimento do plano de investimentos após a entrega dos subsistemas! São tempos de ação, de propostas concretas e não de demagogia!

Podemos dizer que queremos muito um brinquedo, mas não podemos ser meninos mimados ao ponto de não entendemos que não temos condições para o ter, pois não temos nem dinheiro, nem recursos. Até porque está em causa a possibilidade de investir em novos equipamentos para o concelho, evitando que Paredes siga o caminho da estagnação.

- Publicidade -
Artigo anterior
Próximo artigo
- Publicidade -
- Publicidade -spot_img

Últimos Artigos

- Publicidade -