As eleições presidenciais de 2021, realizadas no passado dia 24 de janeiro, contaram com várias centenas de pessoas nas mesas de eleições. Em Paços e Ferreira não houve exceção e, a partir de fonte anónima em declarações ao EMISSOR, houve infetados em algumas freguesias.
A partir desta premissa, o EMISSOR procurou chegar à conversa com uma das freguesias onde se considerou existiram infetados, a freguesia de Eiriz, situada em Paços de Ferreira.
Em declarações ao EMISSOR, o presidente da junta de Eiriz, Ernesto Lopes, revelou que houve, de facto, uma testagem a todos os membros das secções de voto e que uma pessoa foi substituída devido a um problema de saúde, problema esse que foi mencionado dias antes das eleições presidenciais e que nada teve que ver com a testagem ao Covid-19.
Segundo Ernesto Lopes foram testadas 10 pessoas “não houve nenhum caso positivo” uma vez que se fizeram os testes no “sábado à tarde e não deu positivo a ninguém”, relata.
No que toca aos apoios referentes à testagem, o presidente da Junta de Eiriz adiantou que “a autarquia não se meteu nisso”, mas que, no entanto, apoiou toda a logística e respetiva sinalética. Na opinião de Ernesto Lopes, a testagem aos membros das mesas era uma medida que deveria de vir “de cima, devia de vir do Governo, uma vez que estamos em estado de emergência”, acrescentando que “todas as pessoas que estiveram nas secções de voto, todas deviam ser testadas, mas essa é a minha opinião”, remata.
Por outro lado, na freguesia de Penamaior, também pertencente ao concelho de Paços de Ferreira, o presidente da Junta, António Carvalho, em declarações ao EMISSOR, refere que foram realizados testes rápidos à COVID-19 e que houve “um infetado, um homem na casa dos 22/23 anos”. A pessoa em questão foi identificada e substituída com antecedência, uma vez “os testes foram realizados no dia anterior às eleições”.
Também António Carvalho refere que os testes foram de “grande importância porque ao haver casos contaminados, estes iam entrar em contacto com a população e havia um risco de contágio”, realçando ainda que “tendo em conta que a questão de logística foi suportada pela Câmara Municipal, acho que os testes deveriam de ter sido suportados pela câmara”.
Já na freguesia de Frazão, também pertencente ao concelho de Paços de Ferreira, Joaquim Gomes, em declarações ao EMISSOR, relata que “houve uma medida preventiva nos dias anteriores com a testagem de todos os elementos que iam estar na secção de votos”, acrescentando que “os custos “foram suportados pela Junta de Freguesia e depois, no dia, foram seguidas todas as normas de distanciamento, separação de mesas, entradas e saídas diferentes para não haver ajuntamento de pessoas”, confere.
No âmbito da testagem à Covid-19 em Frazão, 23 pessoas foram testadas e houve casos positivos, no entanto, Joaquim Gomes refere não querer pronunciar-se sobre o número de infetados. De acordo com o presidente da Junta de Frazão existem três coisas fundamentais “cumprir as normas que a DGS pede”, “evitar contactos e ajuntamentos” e “quando não podemos fazer isso, se pudermos testar o maior número de pessoas, menor é o risco de haver mais contágios, da mesma forma que cumprir o plano de vacinação que está estipulado”.
De forma complementar, Joaquim Gomes declara que, no dia de eleições presidenciais “nós queríamos que as pessoas viessem exercer o seu direito de voto, então a Junta de Freguesia procurou exercer uma das medidas, que é testar o número de pessoas que iam estar nas mesas”, uma vez que “as pessoas que iam estar nas mesas, podiam estar infetadas e infetar qualquer cidadão que fosse lá votar e podiam infetar os restantes colegas das mesas”.
No que diz respeito à testagem, o presidente de Junta de Freguesia de Frazão explica que “devia ser realizada a testagem massiva das pessoas”, ou seja, “nós devíamos testar ao máximo as pessoas, seja apoiado pela Câmara Municipal, seja pelo Ministério da Saúde, pela Direção-Geral de Saúde… da maneira que for”, alertando que aqueles que deram positivo após a testagem no sábado anterior às eleições foram devidamente substituídos, de forma a prevenir “possíveis contágios no dia de eleições presidenciais”.
Contactado pelo EMISSOR, o Agrupamento de Centros de Saúde do Tâmega e Sousa (ACeS), após auscultação da Autoridade Local de Saúde, cuja pronúncia consubstancia a resposta, “não existiram quaisquer orientações ou mesmo normas emitidas pela DGS ou pela tutela, no sentido de ser implementado algum processo de rastreio à COVID-19 dirigido a elementos das mesas eleitorais das eleições que decorreram nos passados dias 17 e 24 de Janeiro”, esclarecendo ainda não ser da competência das instituições de saúde a “agilização do processo de constituição das mesas eleitorais, ou de substituição dos seus elementos”, confere.
Da mesma forma, o ACeS sublinha que “a realização de testes ao SARS-COV-2 é um ato clínico, mesmo que sejam os testes rápidos de antigénio, devendo ser realizados por profissionais de saúde especializados e devidamente treinados nesta matéria, em locais com as devidas condições para tal e munidos dos equipamentos e proteções adequados e enquadrados nas respetivas normas de implementação, para além do registo dos respetivos resultados nos sistemas de informação credenciados para o efeito, condições que não se coadunam, de forma alguma, com a possibilidade de serem “distribuídos testes rápidos à COVID-19” pelas mesas eleitorais”.