“Almeida”, é o nome pelo qual os trabalhadores da limpeza de Lisboa são conhecidos, possivelmente porque no início, alguns ou quase todos seriam naturais de Almeida, município raiano do distrito da Guarda. Com o tempo, esta terminologia foi desaparecendo, mas não deixo de prestar aqui a minha singela homenagem para sesses “Almeidas” que para além de ser provenientes de uma região que tanto me diz, se dispunham a ir para a capital limpar o lixo dos outros.
Em Paredes temos agora uma nova geração de “Almeidas”, que para além de não provirem do interior de Portugal, se dispõe a tratar do lixo dos outros, no centro do seu concelho, numa freguesia que “batizaram” de “Centro do Mundo” e que no tempo dos outros “Almeidas”, os de Lisboa, era reconhecida a nível regional pela qualidade dos seus ares com características medicinais e pela pureza das suas águas.
Nada me move contra o processo de tratamento do lixo que está previsto, que acredito ser de avançado nível tecnológico. Tenho consciência de que se trata de um problema que tem de ser resolvido e que ninguém, exceto os “Almeidas” pretendem ter “investimentos” destes na sua terra. Mas não acredito numa fábrica de transformação de lixo, ou se preferirem uma Indústria de Biogás e composto, a partir de resíduos orgânicos seja inócua. Não acredito na “Teoria do lixo bom” e também não acredito que este seja o local indicado para a colocar. Argumentos como “está próximo da autoestrada”, “até já existe no local uma indústria mais poluente”, “não há problema para Baltar porque afinal o local já pertence à freguesia vizinha de Parada” ou, pasmem-se “porque a zona industrial Baltar-Parada é plana”, não me parecem suficientes para se perceber porque é que ninguém quer um investimento “tão bom”. E não é um estudo de impacto ambiental encomendado, que todos já sabem o que vai concluir, que vai convencer alguém de que aquele é o local certo para processar o lixo.
O próprio Presidente da Junta de Baltar Jorge Coelho, após declarações num jornal local em que não manifestava qualquer oposição a que o lixo viesse para a sua freguesia, decidiu mudar e colocar-se ao lado dos baltarenses. Até já disse publicamente que não queria ser “Almeida” e se demitiria, no caso deste “investimento” ser localizado na sua freguesia. Veremos se vai fazer jus ao seu homónimo também antigo dirigente socialista infelizmente recentemente desaparecido, que de forma íntegra se demitiu aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios ou se vai dar mais uma “cambalhota”, escudado por um qualquer estudo de impacto ambiental. Aos que agora o acusam de eleitoralismo e de populismo, lembre-os da frase de Mário Soares, antigo líder socialista de que “só os burros não mudam”.
Quanto ao Almeida, sei que não vai mudar, que não se vai demitir e que tudo vai fazer para dar lixo a Baltar.