Em 28 de agosto de 2019, António Costa, do PS, disse que os portugueses não gostam de maiorias absolutas porque guardam más memórias das maiorias absolutas.
Costa estava a lembrar-se de José Sócrates, de quem ele era o número 2, e do infindável rol de vigarices realizadas por esse famigerado primeiro-ministro.
Dois anos depois, confiante que os portugueses têm memória curta, Costa vem agora pedir o que antes abominava.
Aa maiorias absolutas são más, não apenas porque favorecem a corrupção, mas também porque ampliam a arrogância e prepotência da classe dirigente.
Um primeiro-ministro legitimado por uma maioria absoluta sente-se à vontade para impor os Cabritas da vida, os incompetentes que têm como única qualidade a sua inultrapassável vontade de bajular o chefe.
Além disso, com a maioria absoluta, o primeiro-ministro não teria escrúpulos em espezinhar os direitos mais elementares dos trabalhadores.
A reforma das leis laborais do tempo da Troika seria metida na mesma gaveta onde o PS trancou o socialismo.
Com a maioria absoluta, o PS continuaria a deixar afundar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), empurrando os portugueses para os interesses privados da saúde, passando por cima de um princípio básico, a saúde não deve ser um negócio.
Com a maioria absoluta, o PS continuaria a deixar o país à mercê das benesses concedidas aos grandes grupos financeiros, como a borla fiscal de 110 milhões de euros oferecida à EDP, nas barragens de Miranda do Douro, em prejuizo do desenvolvimento desta região.
No próximo dia 30 de janeiro, os portugueses irão mostrar a António Costa e ao PS que não têm memória curta, que rejeitam a maioria absoluta, que favorece a corrupção, a arrogância, prepotência e a má governação.
Só com uma Esquerda reforçada, sem maioria absoluta, será possível defender os interesses dos trabalhadores e pensionistas, mas também a qualidade dos serviços públicos, em especial do SNS.