No passado dia 26 de agosto, José Henrique Duarte levou o pai às cavalitas para tratamento na Unidade de Saúde Familiar (USF) Nova Era, no concelho de Paredes. O Agrupamento de Centros de Saúde do Tâmega e Sousa II – Vale do Sousa Sul, refere que o filho do utente recusou a cadeira de rodas, bem como o uso do elevador.
José Martins Duarte tem 79 anos e é residente na freguesia de Aguiar de Sousa. Enquanto doente crónico diabético, tem uma incapacidade atestada por uma junta médica de 95%, tendo já tido dois AVC este ano e, há cerca de um mês, apareceu uma ferida num dos seus pés.
Neste sentido, o filho, José Henrique Duarte, pediu tratamento domiciliário ao pai.
A 16 de agosto a enfermeira dirigiu-se à casa do utente e, enquanto José Henrique Duarte se encontrava no andar de baixo, esta viu a porta aberta e realizou o serviço. De acordo com um jornal regional local, José Henrique Duarte referiu que a enfermeira “entrou sem autorização”, não obedecendo, nem cumprindo o protocolo de higiene e segurança para com os doentes, isto é, apesar desta se apresentar “devidamente apetrechada em termos de máscaras e tudo isso, de equipamento”, o pai “não estava”, uma vez que não tinha a máscara posta.
Assim, quando a enfermeira terminou o tratamento e se preparava para abandonar o local, foi confrontada com José Henrique Duarte que avançou “seja a última vez que a senhora faça o que fez, violando eticamente, tendo este comportamento reprovável, que, conforme a senhora pode verificar, não tomou as devidas precauções com o meu pai e, para já, não tem nada que entrar aqui sem a minha autorização ou sem eu estar aqui presente”, contestou. A enfermeira anuiu, dizendo apenas “muito bem, boa tarde, até à próxima”, conta José Henrique Duarte.
Nessa mesma semana, José Henrique Duarte conta ter recebido um telefonema da coordenadora do posto médico a dizer que os tratamentos do pai deveriam de se realizar no posto médico. O filho do utente avança que “os critérios nunca ninguém mos disse, nunca soube se esses critérios são objetivos, se são subjetivos”, relata. Enviou, ainda, um email a alertar que o pai “não tinha condições para caminhar”, pedido que lhe pusessem os meios à disposição para que este o pudesse transportar.
Num comunicado enviado pelo ACES Tâmega II – Vale do Sousa Sul a um jornal regional, é referido que José Henrique Duarte “apareceu no quarto do utente, onde lhe foi explicado a evolução do tratamento e realçada a importância de estar um cuidador presente aquando a visita domiciliária”.
No comunicado, o ACES salientou ainda que “a enfermeira se dirigiu para a viatura e já dentro da viatura, foi agredida verbalmente, pelo mesmo filho do utente”, perante a situação, o motorista pediu ao filho do utente para se acalmar e falar educadamente, tendo este reagido com um “murro” no carro.
O ACES acrescentou ainda que, uma vez que o utente “não se encontra acamado e deambula com ajuda de terceira pessoa no domicílio (facto presenciado por enfermagem) e de não estarem asseguradas as condições de segurança que permitam a continuidade de tratamentos no domicílio, foi decisão da equipa da USF Nova Era que os mesmos passarão a efetuar-se nas instalações da Unidade”, tendo sido agendados os tratamentos de enfermagem na Unidade com José Henrique Duarte.
O comunicado do ACES finaliza com a referência de que José Henrique Duarte recusou a cadeira de rodas e o uso do elevador na USF Nova Era. Por outro lado, o filho do utente avança que, no que diz respeito ao elevador, seria “muito mais fácil” subir pelas escadas já que, pelo elevador, o pai iria “bater com os pés na porta do elevador porque aquilo não tem largura suficiente”. Relativamente à cadeira de rodas, José Henrique Duarte afirma que a USF não tem cadeira de rodas, tem macas, e que nem isso lhe foi colocado à disposição.
Em suma, face à situação, o filho do utente explica que “enquanto não houver critérios e enquanto me obrigarem a ir lá fazer os tratamentos, é assim que vou levar o meu pai. Não há condições, nem o meu pai tem dinheiro para comprar uma cadeira de rodas, nem o meu pai tem condições para contratar ou pagar uma ambulância porque isso custa muito dinheiro”.
O próprio informou ainda que “foi feita uma queixa pela GNR ao Ministério Público” e fez “queixa diretamente ao procurador do DIAP de Paredes” bem como ao Ministério da Saúde.