João Pedro Pereira entrou na corrida para substituir o presidente da federação distrital do porto do Partido Socialista, que por ter assumido o cargo de Ministro da Saúde da República, deixa o lugar vago.
O emissor de forma a conhecer melhor o que defende João Pedro Pereira para o Partido Socialista, colocou-lhe algumas questões:
Quem é o João Pedro Pereira, como militante e para além de militante do partido socialista?
Fundamentalmente sou Pai do David de 8 anos e do Diogo de 1 ano e 9 meses e marido da Alina a quem agradeço o sacrifício de me terem menos disponível por causa desta candidatura. Profissionalmente fui adido e conselheiro económico de Embaixadas de Portugal, técnico e diretor da AICEP nas delegações no estrangeiro, sou actualmente empresário (partner de uma empresa de consultoria internacional), administrador da MECSA ( empresa de construção Sul-africana que é um spin off do Grupo Mota-Engil), sou Vice-Presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Portugal na China ( PORCHAM) e sou administrador do Centro de Cooperação Internacional, Investimento e Comércio Sino-Português, sou ainda dirigente nacional do Partido Socialista com assento na Comissão Nacional e com participações na Comissão Política Nacional como suplente, onde uso a minha voz para defender o distrito do Porto e as ideias base do movimento minoritário que integro liderado pelo Daniel Adrião.
Apresenta-se ao escrutínio dos seus pares, porquê?
Essencialmente porque considero que os unanimismos e o pensamento único são nefastos à vida política, cerceiam o debate interno, matam a dialética e fomentam apenas o crescimento de movimentos extremistas e populistas fora do partido. Não me agrada a ideia de que no Partido Socialista haja um candidato, Eduardo Vitor Rodrigues, que ao assumir a sua candidatura afirmou que tinha sido convidado pelo Presidente cessante da Federação e Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e sufragado pelo Secretário Geral e Primeiro-Ministro António Costa. No PS não há sucessões dinásticas, nem tão pouco o partido tem donos! O Partido Socialista é dos militantes de base e todos os militantes são iguais, nos seus direitos e nos seus deveres, não há uns mais iguais do que outros como no conhecido livro de George Orwell!
Que temas julga mais pertinentes para serem discutidos com as bases do partido?
É exactamente isso que o Partido Socialista no Porto precisa, de profundo debate face aos desafios de enorme complexidade que esta espiral inflaccionista vai trazer brevemente. Partimos já de uma posição desfavorável, 4 em cada 10 desempregados inscritos no IEFP em Portugal Continental são do Norte, só nos concelhos de Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos e Gondomar há 32000 desempregados inscritos, verificamos que os projetos estruturantes que o Governo anuncia (novo aeroporto, nova travessia do Tejo, extensão do metro de Lisboa, indústria de produção de hidrogénio verde) são todos a sul, porque assim o exige o “centralismo do Terreiro do Paço”, no norte vamos ficando com umas “migalhas”, vamos ter a rede de alta velocidade a ligar a Lisboa e a Vigo (depois de 2030 e se as disponibilidades financeiras se mantiverem até lá), vamos ter mais uma linha no metro do Porto e uma nova ponte para a suportar, mas até nisso são “migalhas” que não combatem a interioridade do distrito do Porto! Em termos comparativos o metro de Lisboa cobre 100 km2 e o do Porto 40Km2… Está tudo dito! Continuamos vítimas da nossa incapacidade de reivindicar mais do Governo Central e não é com um Presidente para a Distrital do PS -Porto, escolhido pelo Governo que vamos contrariar isso. O Eduardo Vítor Rodrigues voltou a prometer a regionalização, mas pertenceu à direção da Federação durante todos estes anos, como Vice-presidente, e este tema não evoluiu um milímetro! A regionalização nunca se fará por promessa, aliás é mesmo aí que tem encalhado… A regionalização exige uma grande vaga de fundo que pode iniciar-se no Distrito do Porto e alargar-se aos restantes distritos do país, envolvendo todas as forças vivas da sociedade e debatendo o tema com seriedade e espírito construtivo, avançando com a criação de um livro branco para a regionalização. Enquanto a continuarmos a prometer, não passará de promessa vazia e fazer o jeito ao “centralismo do Terreiro do Paço”. A nível interno gostaria que os estatutos fossem cumpridos e se avançassem para eleições primárias para escolher os candidatos a deputados e a presidentes das autarquias, acabando assim com os processos autocráticos de escolha de candidatos e com as avocações de decisões das estruturas locais que abrem feridas dentro do partido. Gostaria também de dinamizar um debate sobre a separação do exercício de cargos públicos executivos nos governos ou nas autarquias locais em representação do PS e o exercício de cargos executivos no interior do PS, para desta forma acabar com a promiscuidade. Irei também promover a discussão sobre a reforma do sistema eleitoral com a inclusão de círculos uninominais. Tudo medidas progressistas e aconselhadas por várias entidades que monitorizam políticas públicas a nível internacional. Gostaria também que o distrito do Porto reflectisse seriamente sobre este modelo de descentralização que vem sendo praticado, muitas vezes sem se saber se as autarquias têm capacidade para arcar com os custos das responsabilidades que o Estado lhes alija! Para o distrito do Porto este modelo de descentralização não serve quanto a mim, seria muito mais útil para o distrito que o AICEP, o IAPMEI e o Banco de Fomento, que têm as respectivas sedes no Porto, nas suas leis constitutivas, mas de facto as sedes reais estão em Lisboa onde estão instalados os respectivos Conselhos de Administração e onde é feito o recrutamento dos seus membros na sua esmagadora maioria. Para o desenvolvimento da actividade económica era fundamental que estes organismos viessem para o Porto e tivessem cá os seus Conselhos de Administração e aqui fizessem o recrutamento para as suas administrações! Isto seria uma grande alteração para o aumento de investimento privado no Distrito e para uma maior proximidade destas instituições dos seus clientes/utentes. 52% do total das empresas estão no Norte e no Centro do País, a maioria das exportações são de empresas do Norte e do Centro, esta é a mudança que poderá ajudar a combater o desemprego e a fomentar a transformação económica que o distrito precisa.
A sua candidatura apresenta-se como uma candidatura de um movimento dentro do partido socialista. Acha que o partido socialista é um partido do sistema ou um partido formatado para o sistema?
O PS é o grande Partido fundador do sistema democrático em Portugal, contudo é um partido que passa por uma fase de intensa governamentalização, o que retirou espaço para o debate interno. Os problemas que têm surgido no interior do Governo resultam desse falta de comparência do Partido para que essas tensões se discutam no seu interior em vez de virem à tona na comunicação social e em pleno governo. É preciso mais Partido e mais debate interno. Os membros do Governo devem ter a humildade democrática de virem aos orgãos próprios do Partido debater as suas ideias para o país, para que o partido cumpra o seu papel de caixa de ressonância da sociedade!
Nas últimas autárquicas foram públicos alguns casos de avocação dos processos autárquicos pela federação distrital do Porto do seu partido, como por exemplo, na Maia e em Paços de Ferreira, que comentário é que lhe merecem estas e outras avocações? Se for eleito e lhe aparecerem casos destes para serem resolvidos, como procederá?
Como já expliquei acima sou visceralmente contra esses processos autocráticos. Acredito que mais e melhor democracia é o caminho para resolver esse problema sem abrir feridas, sem afastar militantes e sem passar uma péssima imagem para a sociedade. As primárias são a melhor solução para esse problema. Verifique-se também o desastre na gestão da escolha de uma candidatura forte à Câmara do Porto, vão passando os anos e este município continua longe de regressar ao PS, a governamentalização do partido e a desconfiança que geramos no eleitorado da cidade do Porto tem um rosto e esse rosto é o da continuidade!
Além das primárias, qual é medida mais estruturante da sua candidatura?
Para o distrito do Porto o modelo que preconizo para se avançar com a Regionalização é criando a tal vaga de fundo, envolvendo a sociedade, e alargando o debate a outros distritos e criar um livro branco para a regionalização. Para o País seria a reforma do sistema eleitoral com a criação de círculos uninominais.
Qual a sua opinião sobre os eventuais casos das incompatibilidades do ainda detentor do cargo a que se candidata?
Fundamentalmente que as leis que disciplinam estes casos sejam o mais claras possíveis e que acompanhem o grau de exigência cada vez maior da sociedade.
“Estou a entrar neste combate para a Presidência da Distrital do Porto pelo aumento da independência, da irreverência e da capacidade reivindicativa contra a governamentalização das estruturas do partido. Queremos um Presidente para a Federação escolhido por nós, os militantes de base, ou um delegado do Governo escolhido para controlar a Federação? A maior Federação Distrital do País, merece esta luta democrática, estamos a lutar pela Alma da Democracia e da Liberdade que são tão caras ao distrito do Porto. Termino agradecendo, encarecidamente, toda a atenção dispensada pelos órgãos de comunicação social a este nosso movimento, são exemplares na cultura democrática honrando a história do nosso distrito, bem hajam!”