Neste último dia 25 de Abril, celebrou-se o quadragésimo oitavo aniversário da libertação de um regime opressor das liberdades do povo português.
A obtenção da liberdade foi iniciada pelo movimento militar, é certo, mas a nenhum lado teria chegado sem a movimentação corajosa do povo como um todo contra o regime ditatorial salazarista.
No entanto, talvez pela distância temporal do momento e da ausência de um estado tirano, baixamos a guarda e deixamos de dar o devido significado a esta data.
Lutar pela liberdade é mais que um direito. É um dever para com todos os que começaram essa conquista. Por todos aqueles que sofreram nas mãos da opressão. Por todos aqueles que morreram vítimas de uma guerra colonial e de uma perseguição política desumana. Só com a valorização e preservação dessa luta é que damos sentido ao sofrimento que todos esses importantíssimos agentes de mudança passaram.
Devemos-lhes isso.
A habitual Assembleia Municipal cá do Burgo, a propósito da comemoração da Revolução de Abril foi o primado da hipocrisia.
A escolha da base militar do Pilar, apesar do simbolismo da celebração perto dos militares, deixou de parte o maior agente da revolução: povo.
É de lamentar que uma sessão de comemoração do aniversário da conquista da liberdade fosse tão rica em simbolismos, mas tão pobre em liberdade. Quando para celebrar a liberdade, não damos liberdade de acesso à sua comemoração institucional que raio de liberdade é essa que celebramos? Quando exigimos inscrições prévias e entrega de dados pessoais, barrando pessoas à entrada, para celebrar a liberdade estaremos efetivamente a defender esse valor?
Decerto que esta não é a primeira vez que o município põe em causa a liberdade de participação política dos seus concidadãos. Da famosa Assembleia à porta fechada com lotação miraculosamente esgotada à ausência de transmissão online por motivos regimentares que rapidamente foram esquecidos em tempo eleitoral, muitos são os motivos que a governação local nos tem dado para de facto entendermos a intemporalidade do 25 de Abril e da luta incessante pela manutenção das suas conquistas fundamentais.
Não percamos a coragem e não arredemos pé daquilo que tanto nos custou enquanto nação conquistar.
A liberdade não tem inscrições prévias, lotações esgotadas e o dado pessoal necessário é só um: ser um verdadeiro democrata.
Ricardo Andrade,
Secretário – Coordenação da Juventude – Iniciativa Liberal de Paços de Ferreira