A Juventude Popular do Distrito do Porto apresentou uma proposta estratégica para transformar profundamente a mobilidade urbana e metropolitana da região, com base numa visão integrada, sustentável e funcional.
O plano aposta na articulação eficaz de diferentes modos de transporte, na racionalização de infraestruturas existentes, na simplificação tarifária e na reorganização do espaço urbano, propondo soluções concretas para enfrentar os desafios de mobilidade da Área Metropolitana do Porto.
Entre as principais propostas, destaca-se a criação do Terminal Intermodal de Matosinhos, uma nova central de mobilidade que visa aproveitar infraestruturas atualmente subutilizadas, como a estação de metro de Senhor de Matosinhos, a linha ferroviária de Leixões, a área desaproveitada no final da Avenida do Comércio de Leixões e os espaços sobrantes a sul do nó da A28. Este terminal reunirá, num só ponto, serviços ferroviários (fim da linha de Leixões), as linhas azul e laranja do Metro do Porto, serviços rodoviários de longo curso como a Rede Expressos e a FlixBus, autocarros urbanos da STCP e da UNIR, o Metrobus no eixo Casa da Música–Aeroporto, modos suaves de transporte, estacionamento de transbordo e táxis. Está ainda previsto o reperfilamento do nó rodoviário de Leixões, assegurando a ligação funcional entre os vários modos de transporte e o acesso direto à autoestrada.
Paralelamente, a proposta inclui a fusão das atuais linhas Metrobus Boavista–Anémona e Mercado de Matosinhos–Aeroporto, resultando num percurso único que ligará diretamente a Casa da Música ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Este novo eixo utilizará toda a extensão da Rua Brito Capelo, que passará a ser prioritária para transporte público, moradores e operações de carga e descarga, com a circulação automóvel desviada para a Rua Roberto Ivens, que será convertida em via de dois sentidos. Esta reorganização implicará também a pedonalização parcial da Rua de Sousa Aroso, nas imediações da Rua Brito Capelo.
A Juventude Popular defende ainda a reabilitação do elétrico como meio de transporte regular, deixando de ser um elemento turístico e passando a integrar de forma plena a rede de transporte público. Está prevista a criação de uma linha circular com percurso pela Boavista, marginal oceânica, Ribeira, Bolhão, Rua Gonçalo Cristóvão e regresso à Boavista. Simultaneamente, será prolongada a linha ribeirinha em ambos os sentidos: a nascente, desde a estação do Infante até ao Silo Auto, com passagem pelas ruas do Infante D. Henrique, Mouzinho da Silveira e Sá da Bandeira, e a poente, desde o Passeio Alegre até ao novo Terminal Intermodal de Leixões, atravessando a marginal oceânica pela Esplanada do Castelo, Rua Senhora da Luz, Rua Raúl Peres, Avenida do Brasil, Avenida de Montevideu e Rua Brito Capelo.
Outra proposta central é o prolongamento da linha marginal até Campanhã, aproveitando o ramal ferroviário da Alfândega. Esta ligação direta entre Leixões e a futura estação intermodal de Campanhã será feita sem necessidade de alteração das condições da via existente. A reformulação do projeto da estação de alta velocidade de Campanhã deverá prever a integração deste serviço, que incluirá dois apeadeiros intermédios: um nas Fontaínhas, com ligações pedonais às cotas alta e baixa, e outro junto à Ponte D. Maria Pia, com possibilidade de ligação por elétrico à estação de General Torres, em Vila Nova de Gaia.
A proposta da Juventude Popular vai ainda mais longe ao apostar no reforço da rede ferroviária metropolitana. Pretende-se duplicar toda a linha de Leixões, tornando-a um eixo transversal de ligação entre linhas urbanas e suburbanas. A linha cruzará com as linhas A e F em Senhor de Matosinhos, com as linhas B e E perto da estação de Esposade, com a linha C perto de Araújo e com a linha D junto ao Hospital de São João. Nestas interseções serão criadas estações de rebatimento, facilitando as ligações em rede. Está também prevista a reativação e duplicação da Concordância de São Gemil, permitindo que serviços oriundos das linhas do Minho, Guimarães, Braga, Douro e, futuramente, Trás-os-Montes, possam entrar na Área Metropolitana do Porto sem ter de passar por Campanhã ou Trindade, melhorando substancialmente a eficiência e competitividade do sistema ferroviário.
Complementarmente, o plano propõe a construção de uma ligação ferroviária dedicada ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro a partir da linha de Leixões. Pretende-se ainda a integração da linha do Vouga no serviço suburbano da linha do Norte, a construção da nova linha do Vale do Sousa, a reativação da linha do Tâmega entre Livração e Amarante e o prolongamento do serviço ferroviário urbano até Barcelos.
No que diz respeito ao Metro do Porto, a Juventude Popular propõe a extensão da linha verde até à Trofa, bem como a concretização da segunda linha da Maia. A nível tarifário, propõe-se a extinção do atual sistema de zonas do Andante, substituído por um modelo simplificado de coroa, com apenas dois níveis: coroa interior e coroa exterior.
Em matéria de governação, o plano defende uma reestruturação profunda da gestão dos transportes, com a capacitação técnica da Transportes Metropolitanos do Porto (TMP) e a transferência da gestão do Metro do Porto para esta entidade metropolitana. Propõe-se a criação de instrumentos de concertação entre operadores como a IP, CP, STCP, UNIR e Metro do Porto, bem como a implementação urgente de sistemas de informação ao público fiáveis e atualizados, especialmente na rede UNIR.
No capítulo viário e urbano, a proposta inclui a transformação da Estrada da Circunvalação numa avenida urbana, com corredores dedicados a elétricos, ciclovias e passeios, mantendo apenas uma faixa automóvel por sentido. Está prevista a abolição imediata das portagens na CREP, a introdução progressiva de portagens nos acessos ao Porto, com base em modelos dinâmicos ajustados à hora do dia ou ao nível de congestionamento, e o desmantelamento gradual da VCI entre os nós da A3 e da A28. O corredor da VCI seria convertido num boulevard urbano, com duas vias centrais por sentido, um corredor para transporte público e a cobertura da VCI na zona da Quinta de Salgueiros.
O plano termina com a defesa de uma ação rápida e determinada na implementação de corredores BUS e ciclovias, bem como uma campanha municipal contra o estacionamento indevido, com reforço da fiscalização em toda a cidade.