Marta Filipa de Pacheco e Rocha, atleta federada de voleibol da AJM-FCPorto.
Descrita como tímida, ponderada, observadora, meiga e com uma personalidade singular, vem de uma família tradicional moldada na tradição da moral e dos bons costumes onde coloca a família, os estudos, desporto e a filantropia como pedra basilar na sua evolução psíquica e física.
Fez 14 anos início de setembro, tendo sido comemorado com pompas e circunstâncias no restaurante Areal – Praia, restaurante explorado por Claúdia Jacques e Belmiro Costa, jantar de alto nível confecionado pelo Chef Fernando de Sousa Carlos Costa o reconhecido Maître de outros restaurantes tendo sido o anfitrião e responsável pelo serviço. Comprovou mais uma vez uma excelente prestação e dedicação a que tem habituado ao longo destes anos.
Reuniu a equipa de iniciadas, staff técnico, Presidente José Moreira e esposa, juntamente com algumas atletas Seniores da AJM/FCPorto para a comemoração de tão singular idade.
Tivemos a oportunidade de conversar com a jovem promessa do Voleibol Português, Marta Rocha e pelo que constatamos no seu histórico familiar de sucesso na modalidade, filha e sobrinha de atletas reconhecidos na modalidade desportiva, segue como um exemplo de resiliência e esforço tendo em conta sua tenra idade.
EMISSOR: Marta, já praticaste outros desportos? Como surgiu a escolha do voleibol como o seu desporto favorito?
Marta: Sim, eu tenho experiências em outros desportos, tal como natação e equitação, os quais eu não quis seguir por não me sentir realmente apaixonada por eles, e foi na busca de encontrar o desporto perfeito, que encontrei o voleibol, o qual senti logo uma ligação de felicidade desde o meu primeiro treino, há 6 anos.
EMISSOR: A tua família apoia-te e orienta-te em todos os teus projetos desportivos e escolares?
Marta: Sim, tanto a minha mãe como meu pai, fizeram desporto quando tinham a minha idade e percebem, tal como eu, o esforço necessário para adquirir as competências físicas e técnicas. O meu pai praticou até a mesma modalidade que eu, o voleibol. Sendo assim, conto com a ajuda incansável dos meus pais para esta jornada.
EMISSOR: Quem te motivou para o voleibol?
Marta: Eu estava à procura de um desporto que me fizesse sentir realizada e os meus pais tiveram a magnífica ideia de me motivar para o meu primeiro treino de voleibol, a partir daí nunca mais consegui deixar de treinar.
EMISSOR: Como desporto de equipa, achas que a harmonia é importante para o sucesso?
Marta: Eu acho que harmonia é um elemento importantíssimo para o sucesso de todas as equipas em todas as modalidades. Uma equipa é, neste caso, uma segunda família. Acho que o nome “equipa” significa que se um elemento por algum motivo falha, então a equipa não pode virar-lhe as costas, por mais ou menos afinidade que tenha. Se não houver o espírito de grupo e a harmonia e cada jogador estiver por sua conta, então deixa de existir equipa. Temos o dever moral de saber estar em todos os locais de trabalho e o desporto federado é um trabalho.
EMISSOR: A tua alimentação é orientada por algum nutricionista?
Marta: Sim, não poderia ser de outra forma, 1 vez por mês temos uma reunião pessoal com a nutricionista do clube, onde ela retifica a nossa alimentação, o nosso peso e a nossa massa muscular e dá-nos conselhos do que devemos comer, como também manda uma grelha para as atletas e respetivos pais da ementa a seguir para termos uma alimentação saudável e que seja suficientemente nutritiva para suportar os treinos diários.
EMISSOR: Costumas fazer exames de medicina desportiva regularmente?
Marta: Sim, sempre no início da época faço um “check up” clínico e desportivo, na clínica do dragão, para ver se está tudo bem! E caso haja necessidade por alguma lesão também recorro à medicina desportiva.
EMISSOR: Dentro do voleibol, qual a atleta feminina que mais te agrada a nível técnico?
Marta: A Tandara, da Seleção Brasileira de Voleibol feminino é uma das minhas atletas favoritas. Ela foi mesmo o meu primeiro ídolo do voleibol feminino, lembro-me bem de ver o meu primeiro jogo de voleibol na TV, Brasil x Polónia, onde a Tandara atacou 3 bolas acima de 100 km/h, fiquei impressionada.
Hoje, outras jogadores são seguidas por mim como exemplo de atleta. A Thaisa Menezes, a Rosamaria, da Seleção Brasileira de Voleibol, ou a Tijana da Sérvia, são exemplos.
EMISSOR: Como consegues conciliar a exigência no colégio com o esforço físico necessário no voleibol?
Marta: Acho que tudo é uma questão de organização, disciplina e foco. Claro que ás vezes vamos estar mais cansadas do que o normal, mas não podemos desistir. Também tenho ajuda dos meus pais e professoras que me ensinam as melhores formas de ser uma pessoa mais organizada em todos os aspetos.
EMISSOR: Qual o conselho que darias inicialmente a uma jovem que tenha escolhido o voleibol como desporto?
Marta: Eu diria que o voleibol não é um desporto fácil, requer honestidade no trabalho, resiliência, paciência e é preciso ter espírito crítico por vezes, mas de todo o trabalho e custo que o voleibol nos faz passar, vemos sempre uma luz no final do túnel e essa luz é o nosso objetivo, é o porquê de estarmos aqui a lutar contra o cansaço ao invés de estarmos constantemente no computador a jogar jogos virtuais.
Uma pessoa que se inicia nesta aventura tem que estar a par de todas as consequências, todas as críticas e todo o cansaço que o voleibol exige, porque o voleibol não é fácil, mas no final é a melhor coisa que nos podia ter acontecido quando se ama verdadeiramente a modalidade.
EMISSOR: O que achas das redes sociais na tua idade?
Marta: Eu olho para a realidade. Eu olho, por exemplo, para o caso do menino Archie que teve morte cerebral por um desafio do Tiktok que consiste em apertar o próprio pescoço até perder os sentidos. Eu olho para as centenas de outras crianças e adolescentes que já não estão mais neste mundo por causa das redes sociais.
Acho que senão fossem as redes sociais, não existiriam zombies digitais, não existiriam tantas influências negativas, não existiriam filhos contra pais nem pais contra filhos… Penso que o mundo sem as redes socias não existiriam tantos idiotas úteis.
EMISSOR: O que achas da AJM/FCPorto? Porque escolheu esse clube?
Marta: Eu acho que é o melhor clube do mundo, porque, primeiro eu sou portista, o FCP está no meu coração e é mais ambicioso jogar no ” MEU ” clube. Por outro lado, conhecendo o projeto desportivo, é, de facto, o projeto desportivo com o qual me identifico. Também a liderança do clube. Quem preside o clube é o Prof. José Moreira, um ícone do voleibol português, muito titulado como atleta, treinador e dirigente. Foi inclusive treinador do meu pai e tio.
Ou seja, as razões são diversas para escolher este grande clube.
EMISSOR: Alguma dificuldade foi identificada por si no início do Voleibol? Alguma vez pensaste em desistir?
Marta: Sim, tive e tenho de lidar com problemas de rapidez e mobilidade devido à minha estatura. Até hoje, esses são ainda os meus principais desafios mas que vou superar com treino e tempo. Ao mesmo tempo tive de lidar com alguns problemas emocionais como o falecimento precoce do meu tio, algumas situações de bulling e a forte exigência do treino que, levou-me, em momentos mais difíceis a pensar em desistir, mas acabei sempre por ser fiel as minhas escolhas e aos meus compromissos. Resolver os problemas que surgem, mesmo os mais difíceis, são a fatura a pagar para o caminho do sucesso. E é nesse caminho, rumo ao sucesso, que me encontro neste momento.
EMISSOR: Achas que podes ser uma influência positiva para crianças/adolescentes da tua idade?
Marta: Ser um modelo para alguém aumenta a responsabilidade. De certa forma, já sou para a minha irmã mais nova. Poder vir a ser um modelo para jovens que querem entrar neste mundo magnífico do voleibol, como disse, apenas aumentará a minha responsabilidade.
EMISSOR: Alguma vez te sentiste discriminada pelos teus valores e tradições?
Marta: Sou Cristã e tenho orgulho nisso. O Cristianismo direcionou a humanidade nos últimos 2.000 anos … Não percebo o porquê de “ataques” aos Cristãos, mais ainda nas idades mais novas.
Já senti efetivamente alguma discriminação, com comentários intolerantes para com a minha religião, por exemplo no uso de símbolos cristãos, mas sempre me mantive fiel ao que acredito e na minha conduta moral. Essa, não é negociável.
EMISSOR: Quais os teus planos a curto prazo?
Marta: Os meus planos são simples: ser a melhor aluna e a melhor atleta que consigo ser. Isso é o que depende diretamente de mim e tento fazer o meu melhor. Sendo sempre grata ao universo por tudo que tem me proporcionado, sempre em primeiro lugar a minha família.
EMISSOR: Uma pergunta mais abstrata uma vez que notamos que és uma menina muito evoluída psicologicamente para a tua idade. O que acha da vida?
Marta: Eu acho que a vida é muito curta para se ser vivida com rancor, medo, inveja, para se restringir a uma vida virtual…. Deus deu-nos um planeta inteirinho para explorar, há mais coisa para fazer do que simplesmente ficar numa cadeira ou num sofá a ver a vida passar.
Eu acho que devemos tirar o melhor de tudo e devemos tirar também o melhor do nosso planeta! Quando eu tiver o meu trabalho e o meu dinheiro, irei viajar com a minha família para todo o lado, conhecer diferentes culturas e costumes, saber mais sobre o nosso planeta, porque nós só temos uma vida, uma única vida, e Deus deu-nos essa vida para alguma coisa, ajudar, evoluir, servir e eu acredito que devemos aproveitarmos tudo o que este planeta têm para oferecer! Devemos viver a vida da maneira mais feliz possível, para mim a maneira mais feliz possível é esta, viver aventuras inesquecíveis com a minha família.
EMISSOR: O que achas dessa moda de “influencers” nas redes sociais e as consequências na cabeça dos mais novos?
Marta: Modas …
Acho perigosíssimo que os mais novos tenham redes sociais. Os mais novos não sabem o que está certo e o que está errado, estão ainda a aprender a absorver ensinamentos sendo que qualquer coisa dita por um adulto ou adolescente, uma criança vai achar sempre certo, pois como eu disse, as crianças são as pessoas mais influenciáveis que existem, são curiosas por natureza. Crianças não deveriam ter acesso as redes socias, pois ainda têm uma infância inteira pela frente. Uma infância que não dura para sempre e que não pode ser desperdiçada em redes sociais, mundos virtuais e “modinhas da internet”, modinhas estas prejudiciais para o crescimento natural de uma criança.
EMISSOR: Qual a tua relação com materiais eletrónicos?
Marta: A minha relação com materiais eletrónicos é trabalho. Só os uso exclusivamente para trabalho ou para comunicação e ás vezes divertimento, por exemplo: ver um filme, uma série. O normal, nunca passo mais de 2 horas por dia no computador ou telefone.
EMISSOR: Qual a crítica que farias a atual geração de ‘zombies digitais’?
Marta: Eu diria que são as principais vítimas desta geração, precisam de começar a viver a vida real. Ficar entre quatro paredes fechados sem ver ninguém e só e exclusivamente o computador não faz bem a ninguém. Tudo em exagero faz mal, tudo na vida têm que ter um certo equilíbrio. Devemos ter equilíbrio em todas as ações que fazemos, senão a nossa vida começa a descambar! E eu acho que isto é o que se passa exatamente com a nova geração de zombies, acho que num certo momento, ficaram tão focados numa coisa que não tinha importância, numa coisa inútil para as suas vidas futuras, que a sua vida começou a sair do normal. Acho que estes “zombies” deram demasiada importância a uma coisa irreal, a internet, e deixaram a realidade da vida morrer aos poucos.
Tudo o que estes zombies fazem é antinatural. Na minha opinião, eu acho que Deus não nos fez para estarmos sentados á frente de um computador todo o dia, a pensarmos e a fazermos coisas de que não devíamos. Acho que o ser humano foi feito para ser mais que um zombie digital! Somos um ser social! Acho que estas pessoas são vítimas do mundo moderno, para ser totalmente sincera.
Eu não quero ofender ninguém, mas acho que nós, todos nós, devíamos nos olhar para o espelho todos os dias de manhã e perguntarmo-nos: “Eu gosto do que a pessoa que sou? Eu gosto do que ela se tornou?” E independente da resposta devemos olhar mais uma vez, olhos nos olhos, e perguntarmo-nos: “O que posso fazer para ser melhor que ontem? O que posso fazer para obter a minha melhor versão?”. Eu faço isso todos os dias, e posso afirmar, que eu tento tornar-me uma melhor pessoa por causa destas pequenas mas não insignificantes perguntas.
É aos poucos que começamos a ser melhores. O Cristiano Ronaldo, o Futre ou o Madjer não se tornaram nos melhores do mundo num único dia, pois não? Mas EU SEI, que irei ser a melhor um dia, porque eu sei que todo o meu esforço e todo o apoio das pessoas que eu mais amo vai dar frutos, mais tarde ou mais cedo.
A geração de zombies têm que encontrar a sua vocação, a sua paixão, a sua razão de viver! Eu duvido que a razão de viver de um ser humano seja o computador, ou o telemóvel, ou a TV!