Em Penafiel, situado na rua da Província de Pontevedra, situa-se o Hotel “Penafiel Park Hotel & Spa”, onde o EMISSOR se dirigiu para perceber quais as maiores dificuldades que este hotel está a passar. Em conversa com José Ribeiro, Diretor-Geral do hotel, o próprio afirma serem “muito pouco procurados” neste momento, face à questão das pessoas apresentarem receio, o que “representa quebras enormes em termos de faturação, em termos de taxas de ocupação, em termos de procura”.
Entre as dificuldades sentidas, José Ribeiro explica que o maior objetivo do hotel, neste momento, é “ultrapassar, da melhor forma, a situação que estamos a viver, sem mexer na estrutura da empresa. Ou seja, está a fazer agora 1 ano que esta situação começou, ainda mantemos os mesmos postos de trabalho”. A par desta questão, o Diretor-Geral do Penafiel Park Hotel & Spa justifica que, para que tal fosse possível, o hotel tem a vantagem de pertencer a um grupo “forte na área da construção, que nos consegue dar aqui algum suporte”, comunicando que, de momento, o hotel apresenta quebras na ordem dos 60%.
Em declarações ao EMISSOR, José Ribeiro acha fundamental referir que, todas as medidas impostas por parte da Direção-Geral de Saúde já eram postas em prática na hotelaria, nomeadamente ao nível as questões de higiene, o que tornou a adaptação mais fácil, uma vez que, além disso, o hotel dispõe de espaços amplos, tornando possível cumprir a redução da ocupação para 50%, de acordo com as recomendações. Desde que a pandemia começou, em março de 2020, José Ribeiro afirma que o hotel nunca fechou, referindo que, “no entanto, a procura aí foi mesmo muito escassa, ou seja, não tínhamos clientes e então a nossa decisão passou por disponibilizar o hotel para profissionais de saúde, em colaboração com o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, disponibilizamos o nosso serviço e tivemos cá alojadas, de forma gratuita, pessoas a linha da frente na luta ao COVID”.
Agora, alojados nos hotéis numa altura em que vigora o estado de emergência, estão clientes que pertencem ao mercado corporate, de acordo com o Diretor-Geral do Penafiel Park Hotel & Spa, estes são clientes de “empresas que continuam a laborar e que necessitam de alojamento”. A par deste tipo de cliente, o hotel trabalha, da mesma forma, com o mercado desportivo, recebendo “imensas equipas de primeira liga, segunda liga, e das modalidades, que também permitem que as nossas quebras não sejam tão grandes”, explica José Ribeiro.
No que diz respeito às quebras, José Ribeiro afirma que existem, além do hotel, “mais dois espaços, que é uma quinta de eventos e um outro hotel, que neste momento se encontra encerrado, também cá em Penafiel. Se olharmos ao global, as quebras são muito maiores, isto falando-lhe da quinta de Cepeda em que a gestão também era feita por nós. A quebra, estamos a falar de praticamente 100%, com exceção nos meses de julho e agosto em que ainda foi permitido trabalhar, mas a quinta está direcionada para eventos, ou seja, casamentos, comunhões, batizados… neste momento não há. Aí estamos a falar de quebras muito acentuadas”, confirma e acrescenta que, relativamente ao outro hotel, este encontra-se fechado, devido às dificuldades na ocupação dos espaços.
Assim, face às várias questões que se impõe, nomeadamente no que diz respeito ao confinamento e às restrições gerais impostas pelo Governo, “as pessoas têm que ficar em casa, não é permitido sair ao fim de semana, que era quando as pessoas faziam as escapadinhas nesta altura do ano e vinham passar um fim de semana. Neste momento não é permitido, portanto não vêm”, explica José Ribeiro.
Relativamente aos apoios, o Diretor-Geral do Penafiel Park Hotel & Spa afirma que os apoios passam muito pelo “lay off” e que é insuficiente. Além da falta de apoios, José Ribeiro caracteriza os apoios como “tardios” e afirma que “há muita demora para os apoios chegarem às empresas. E além disso são poucos. Além dos apoios, também, falta aqui organização, planeamento. É certo que a situação do Covid é novidade para toda a gente, mas também já lá vai um ano, também já não pode ser todos os dias desculpa de “ninguém estava preparado para isto”, ok já lá vai um ano, agora já temos tempo para nos prepararmos, acho que já tem que ser medidas e planos mais rápidos, exequíveis, acho que isso ainda está a demorar um bocadinho”, realça.
Face às soluções apresentadas por parte do Governo, quer através de apoios, quer através de novos estados de emergência, José Ribeiro acredita que o método ideal seria “não deixarem as coisas no ar, mas serem mais concretos e mais específicos nas leis que querem impor. Acho que é necessário rapidez e informação, porque acho que a informação peca por tardia, imagine que vamos entrar num novo estado de emergência e ainda não sabemos o que é que vai mudar. Acho que é uma situação que, mal foi decretado já devia haver um plano, porque não é a primeira vez, já vivemos isto quatro ou cinco vezes durante o ano. Imagine que dizem que os hotéis têm que fechar, nós vamos receber equipas para a próxima semana, já fizemos compras, o que é que vamos fazer?”.
Face às condições que o hotel apresenta, José Ribeiro refere ser injusto a questão de fecharem os seus espaços, uma vez que existe a capacidade de organização e de distanciamento, sendo que o hotel já passou pelo mesmo em “junho, julho, agosto, setembro, em que tivemos o hotel com elevada taxa de ocupação e não tivemos casos”. É ainda manifestado por parte de José Ribeiro a importância de “passar uma informação mais segura as pessoas, não criar o medo e o pânico, porque é seguro vir cá”, acrescentando que, mesmo relativamente à quinta de eventos, a área é grande e considera injustificável o facto de esta estar fechada, referindo “acho que há áreas que são grandes que deveriam permitir a realização e que façam fiscalização. Porque se houver fiscalização as pessoas vão cumprir”.
No que toca à segurança sentida por parte das pessoas face à usufruto dos hotéis, passa muito por um momento de receio, explicando que, antes do cliente chegar ao hotel, o mesmo troca várias chamadas e emails com o hotel, questionando como é que o mesmo está a funcionar e quais são as restrições. No entanto, no momento em que o próprio visita presencialmente o hotel, José Ribeiro narra que “quando o cliente entra, está sempre à procura do “ álcool gel, onde está o tapete desinfetante, vai ao restaurante e está a reparar nas mesas se há distanciamento”, apesar dessas observações, o Diretor-Geral do Penafiel Park Hotel & Spa afirma que este é o mesmo cliente que, posteriormente, acaba por se abstrair após verificar que todos os procedimentos estão a ser cumpridos.
“O cliente habitual vem com segurança. O novo cliente entra com receio e sai com segurança”, conclui José Ribeiro.
Situado no centro de Paços de Ferreira, o Paços Ferrara Hotel também tem sentido dificuldades. O EMISSOR deslocou-se até ao local para perceber quais as necessidades que o hotel mais tem sentido no momento e, de acordo com Sandra Pinto, rececionista e escriturária do hotel, o local tem sentido “uma menor afluência de pessoas”. A par das declarações de Sandra, o Paços Ferrara Hotel fechou durante o primeiro confinamento, “não tínhamos o alojamento a funcionar, nem o restaurante”, referindo-se ao setor que trabalha conjuntamente com o hotel, acrescentando que “tivemos de criar um plano de contingência e tivemos que nos adaptar conforme as regras que foram estipuladas, por exemplo, no restaurante tinha que ter apenas 50% da ocupação”.
Conversamos, de igual forma, com Joaquim Gomes, chefe de cozinha do restaurante pertencente ao hotel, que referenciou o facto do hotel ter sido obrigado a fechar, de acordo com o próprio “não tínhamos colaboradores, não tínhamos clientes também”.
Perante a situação, ambos afirmam a obrigação de aderência ao lay off, o qual era pago aos funcionários. No entanto, para que conseguissem suportar as despesas do hotel, Sanda Pinto afirma que a empresa gerente do hotel “já tem mais de 60 anos, sempre foi uma empresa estável e a gerência sempre pautou por ter alguma reserva para quando surgisse alguma dificuldade. É claro que, mesmo antes da pandemia, temos sempre que ter algum para as despesas do dia a dia, para a manutenção do hotel, para algum investimento, alguma obra, remodelação, como já fizemos aqui e, no caso de haver uma crise, termos sempre uma reserva”, explica.
Neste momento, de acordo com Joaquim Gomes, o hotel está a funcionar com uma ocupação de 30%, comparado com 60% noutras alturas. Os funcionários alocados ao setor da hotelaria, estão, de momento, a trabalhar, no entanto “o valor gerado no aluguer dos quartos não é suficiente, neste momento, para pagar os ordenados do staff”, acabando por se tornar uma dificuldade presente no hotel. Já os funcionários alocados ao restaurante, encontram-se em lay off, uma vez que não é permitido o funcionamento deste setor.
De acordo com Joaquim Gomes, o “pé de meia da empresa está a ser usado para estas situações”, no entanto, acredita que “se isto assim continuar, vamos começar a ficar muito aflitos”.
O Paços Ferrara Hotel está de acordo com o Penafiel Park Hotel e Spa no que diz respeito às normas estipuladas pela DGS para o funcionamento do local. Joaquim Gomes refere que “ao nível da higiene, ao nível do controlo de higienização das coisas, não tivemos que fazer diferente, tivemos que fazer mais vezes porque todas as normas de higiene e segurança a que somos obrigados, foram basicamente as mesmas”. Santa Pinto acrescentou a questão da adaptação de um quarto a uma eventual situação de Covid, o qual, até ao momento, não houve necessidade de utilização.
No que diz respeito ao tipo de cliente recebido, o hotel afirma serem pessoas que vêm no âmbito do trabalho, para visitar exposições de mobiliário ou para visitar uma empresa. Sandra Pinto explica que, agora, sente que “semanalmente, a maior ocupação é de segunda a sexta, porque ao fim de semana é só aqueles que estão de longa estadia. Durante a semana são trabalhadores que estão numa obra, ou numa empresa”, acrescentando que não sente uma afluência turística no hotel.
Uma vez fechado, o Paços Ferrara Hotel admite não reunir as condições para funcionarem em take away devido à gastronomia que praticam, de acordo com Joaquim Gomes “fazemos muitos arrozes malandrinhos, arroz de feijão malandrinho, arroz de marisco malandrinho… e se fizéssemos esses pratos em take away, o cliente ia chegar a casa, basicamente, com uma papa com sabor a marisco ou uma papa com sabor a feijão”, explica. Neste sentido, Joaquim optou por não trabalhar neste âmbito, de forma a não prejudicar a qualidade em que têm investido ao longo do tempo.
A esperança que preservam, em declarações ao EMISSOR, baseia-se no âmbito da divulgação do setor pós pandemia, de acordo com Joaquim Gomes, “quando isto reabrir, o Governo fomente o emprego, fomente o turismo, diga às pessoas que começa a ser seguro irem aos restaurantes, porque cumprem com as regras. As viagens internas do povo português, de virem a Paços de Ferreira, de virem ao Porto, de virem conhecer os móveis, mas não só, virem conhecer a zona histórica que Paços de Ferreira possui, que muita gente não conhece, mas que é interessante vir conhecer”.
Face às medidas estipuladas pelo Governo para controlo da pandemia no setor hoteleiro, Joaquim Gomes considera ser “uma injustiça, sem dúvida. O confinamento percebe-se e segurança acima de tudo. Agora, a hotelaria e restauração foram muito sacrificadas face a outras empresas, que se calhar correriam mais riscos de contaminação do que nós, que não foram obrigadas a tantas regras de controlo de higiene e segurança e continuaram abertas”, exemplificando o caso de grandes empresas que trabalhavam com um grande número de colaboradores e às quais não houve a mesma pressão para redução do número de colaboradores e distanciamento obrigatório.
Em suma, e perante as declarações que ambos foram enunciando ao longo da entrevista, Sandra Pinto concorda com Joaquim Gomes, quando este declara que “à partida fomos logo obrigados a reduzir para metade o nosso potencial. Sentimo-nos, de facto, discriminados”.