Em 2019, ficou em terceiro lugar na volta a Portugal do Futuro e, ao EMISSOR e respetivos leitores, Tiago Leal concedeu uma entrevista pessoal para que o conheçamos melhor.
EMISSOR: Quando surgiu o seu gosto pelo ciclismo?
Tiago Leal (TL): Desde muito novo comecei a ganhar gosto pelo desporto. Com três anos entrei para a natação onde me mantive até aos 16 anos por causa de um problema na coluna vertebral, pratiquei futsal federado durante quatro anos na equipa da minha terra (G.D.C.R. Escolas de Arreigada) e o ciclismo apareceu em 2015 quando entrei da ADRAP. Apesar de só ter entrado aos 15 anos para o ciclismo, sempre gostei desta modalidade principalmente por influência do meu pai, que gosta muito de desporto e acompanhava o ciclismo. Lembro-me de ser pequeno e começar por ver a Volta a Portugal e lembro-me de ver, mais tarde, as grandes provas internacionais. A cada ano que passava a minha paixão pelo ciclismo foi crescendo, o que me fez tomar a decisão de deixar o futsal e tentar a minha sorte no mundo das bicicletas.
EMISSOR: Foi incentivado pela família ou o ciclismo é algo que considera só seu?
TL: Sempre fui um rapaz muito ativo e “viciado” em desporto. Os meus pais desde cedo se aperceberam disso, portanto sempre me apoiaram muito e fizeram vários sacrifícios na altura em que pratiquei futsal e principalmente agora no ciclismo, que é um desporto muito duro quanto à parte física e quanto à parte psicológica. São uns pais presentes, acompanham para todo o lado, não faltam às corridas onde participo e nunca deixam que me falte nada, ajudando-me em tudo o que conseguem. Posso dizer que o ciclismo não é só uma paixão minha, mas sim, uma paixão nossa.
EMISSOR: Quando foi a primeira vez que fez parte de uma prova que considerasse séria?
TL: A primeira prova séria que participei foi em março de 2015, na prova de abertura de cadetes realizada em Fafe.
EMISSOR: A primeira vez que participou, nessa primeira prova, foi algo difícil para si?
TL: Sim, foi bastante complicada para mim! Eu não fazia ideia do que era correr em pelotão, não sabia o que era participar numa corrida de ciclismo, nem estava preparado para tal… Como consequência disso, terminei quase em último.
EMISSOR: Enquanto ciclista já realizou quantas provas? Qual delas foi mais importante para si?
TL: Não sei ao certo dizer quantas provas já realizei, mas sei que já se somam sete anos no ciclismo e já conto com bastantes provas realizadas. A prova mais importante para mim foi a Volta a Portugal do Futuro em 2019, onde terminei em 3ºlugar.
EMISSOR: Quais os países que visitou para realização dessas mesmas provas? Foi difícil gerir os locais onde tinha de estar para a realização das provas?
TL: Para além do nosso país, até hoje só participei em provas em Espanha. Em 2020 a minha equipa tinha planeado fazer várias corridas além-fronteiras, mas devido à pandemia a maioria foi cancelada.
EMISSOR: O que é que mais o motiva?
TL: A coisa que mais me motiva é olhar para trás e ver o quanto evoluí ao longo dos anos, com o tempo tenho aprendido muito e sinto-me cada vez mais capaz e autoconfiante. Isso dá-me muita motivação para enfrentar o futuro.
EMISSOR: Qual é a sua maior inspiração na área do ciclismo?
TL: A minha maior inspiração no ciclismo é o Rui Costa e vê-lo ser campeão do mundo foi uma das razões que me fez entrar para a modalidade.
EMISSOR: Quais são os seus maiores objetivos enquanto ciclista?
TL: O meu maior objetivo é chegar á seleção nacional! Vou continuar a trabalhar, como sempre fiz até aqui, para conseguir essa oportunidade. Espero que se concretize!
EMISSOR: Até ao momento, qual foi a corrida que mais o marcou?
TL: A Volta ao Algarve foi a corrida que mais me marcou pois corri ao lado dos melhores ciclistas do mundo e foi uma experiência espetacular! Idolatrei alguns desses ciclistas durante anos, via-os a correr na televisão, vibrava com as suas conquistas e de repente eu estava a competir com eles… Nem parecia real!
EMISSOR: Como é que se vê daqui a 10 anos?
TL: É uma pergunta complicada tendo em conta os dias que correm e sabendo que o ciclismo é um pouco instável. No entanto, espero daqui a 10 anos já estar licenciado, talvez com um mestrado e estar a trabalhar em algo relacionado com o desporto.
EMISSOR: Tendo em conta a pandemia e a questão do confinamento, alguma vez se sentiu limitado no que toca aos treinos ou sentiu que perdeu coisas importantes na área do ciclismo que agora lhe fazem falta?
TL: Sim. Com a pandemia conseguia treinar, mas a preparação não é a mesma. O ano de 2020 foi muito complicado porque a maioria das corridas foram canceladas e não tivemos muitas oportunidades para mostrar o nosso valor e trabalho. Entre confinamentos e isolamentos nem sempre foi fácil estar motivado, mas sempre me dediquei a 100% dentro daquilo que era permitido. No final da época, apesar de terem sido muito poucas, ainda houveram corridas, ainda que sem público nas partidas e nas chegadas, o que tira muito do brilho de uma corrida de ciclismo. Penso que muitos adeptos sentem falta de sair à estrada para nos apoiar, tanto como nós sentimos a falta deles. Esperemos que este ano as coisas melhorem e existam mais oportunidades para mostrar o meu trabalho.