Renato Pinto Ribeiro, vereador do CDS-PP na Câmara Municipal da Trofa, demarcou-se hoje em tribunal de “qualquer esquema para permitir que parte do dinheiro formalmente atribuído pela Câmara Municipal ao desporto de formação do Trofense acabasse a pagar dívidas do futebol profissional”, explica a Sapo Desporto.
O vereador afirmou que “os factos que me são imputados são falsos. Nunca agi com o intuito de prejudicar o município em favor do futebol profissional e da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Trofense”, afirmou.
No início do julgamento, o autarca referiu, perante o coletivo de juízes de Matosinhos, em instalações judiciais improvisadas no salão dos Bombeiros de Valadares, em Vila Nova de Gaia.
O caso, que remonta a julho de 2014, quando Renato Pinto Ribeiro assinou “um contrato-programa de desenvolvimento desportivo com o Clube Desportivo Trofense, no valor de 135 mil euros, para apoiar as camadas jovens do clube”, esclarece o Sapo Desporto.
A Câmara da Trofa pagou, a altura, a totalidade do subsídio previsto no contrato referido, dos quais 60 mil se destinavam a “obras de conservação e manutenção no complexo desportivo de Paradela” afeto à formação do clube.
De acordo com o Ministério Público, as obras em causa “não foram efetuadas”, sendo que o dinheiro foi desviado para o futebol profissional. O alegado esquema levou a tribunal mais seis arguidos, “incluindo técnicos autárquicos e o presidente do Trofense à data dos factos, Paulo Melro”.
O vereador do CDS-PP eximiu-se à obrigação de fiscalizar “se as verbas públicas atribuídas eram aplicadas em respeito pelo contrato-programa de desenvolvimento desportivo que fora assinado, mas o arguido deu outra visão dos factos, sublinhando a sua necessidade de, enquanto eleito e responsável por grande número de áreas e dossiês, confiar na estrutura”, acrescentou o Sapo Desporto.
Na qualidade de arguido, o chefe de divisão Artur Costa confirmou ter despachado favoravelmente a “validação do relatório de obras, e disse que era, na altura, um recém-chegado à função, pelo que pediu informação aos serviços e se limitou a seguir os procedimentos até então adotados”, acrescentando que “nunca iria pôr em causa o meu salário”, concluiu.
O julgamento já foi iniciado, no entanto, já tinha sido adiado várias vezes, a última das quais em outubro de 2020, uma vez que o arguido estava em confinamento devido à covid-19.